Formada no ano de 2018, em Curitiba (PR), a Neverwinter fora fundada pelo multi-instrumentista e compositor Higor Hoenig (violão, maraca, cajon, piano e baixo). Com uma sonoridade veementemente focada no metal sinfônico, além de outras influências.
Em 2019 a banda lançara o seu debut, o ótimo full lenght “Air Castle“, abrindo caminho para uma carreira que segue prometendo cada vez mais ascenção.
Agora, neste início de 2021, a sua frontwoman, Fernanda Zys, gentilmente concedera uma entrevista à Confraria Floydstock, que você pode conferir nas linhas abaixo:
1 – Primeiramente agradecendo-lhe pela gentileza de conversar com a Confraria Floydstock. Pode começar nos contando como começou a sua ligação com a música, paixão pelo rock, metal e em especial, o Symphonic Metal?
Eu que agradeço o convite! Bem, desde criança eu gostava muito de música e vivia cantarolando pela casa. Mas foi na adolescência que eu descobri que gostava de sons mais pesados, e passei a ouvir muito heavy metal, metal industrial e metal sinfônico (embora eu também goste de outros gêneros como gothic metal, post-punk, darkwave, EBM). Quando comecei a fazer aulas de canto e me descobri como soprano foi que passei a cantar metal sinfônico.
2 – Trabalhar com metal no Brasil não é das missões mais fáceis, especialmente estando dentro de um nicho específico, tão “europeu”, como o metal sinfônico, muito embora o cenário parece dar ares de gradativo crescimento de interesse público brasileiro por este segmento. Como tem sido para você e a Neverwinter lidar com esta cena?
Ter uma banda autoral de metal no Brasil não é fácil, o público de metal aqui – além de minoritário em relação a outros gêneros – é muito fechado e costuma ouvir apenas as bandas grandes mundialmente famosas. Tanto que quando uma banda cresce um pouco, logo sai do país, a exemplo do Semblant (que é mais famosa fora do Brasil do que aqui). Mas apesar disso, acho que o gênero Symphonic Metal vem crescendo muito no Brasil, e nos últimos anos surgiram várias bandas do estilo. Nós inclusive temos uma playlist no Spotify e Deezer só de bandas brasileiras de Metal Sinfônico. Em razão da pandemia começou um movimento muito grande de festivais online, que tem reunido bandas de todo o Brasil, promovendo a união das bandas e dos fãs, e permitindo ao público conhecer a variedade e a qualidade das bandas brasileiras. Isso tem fortalecido muito a cena nacional, valorizando o material feito aqui, e acho que essa será a tendência para os próximos anos.
3 – Em 2019 chegara “Air Castle“, o debut da Neverwinter, mostrando um nível sofisticado de composições das canções. Como foi o processo para criar este álbum e como você participou da criação dele?
O álbum integralmente composto pelo Higor Hoenig e por mim. Ele compôs todo o instrumental, e eu criei a linha melódica dos vocais e as letras. Foi um processo muito natural, o Higor me apresentava as versões instrumentais e eu naturalmente criava os vocais. Nossas ideias sempre estiveram muito alinhadas, por isso fluiu bem desde o princípio, assim como acabou sendo um processo rápido (escrevemos o álbum todo em 08 meses).
4 – Você tem influências de bandas como Joy Division e The Cure, entre outras. Como é fazer letras de contexto lírico-sinfônico, conciliando-as com a narrativa nua e crua desses grupos setentistas e oitentistas icônicos do punk, post punk e gothic rock?
Algo de que eu sempre gostei foram letras de música com conteúdo e significado. Mas o que me encanta nas bandas Joy Divion e The Cure, por exemplo, é que as letras demonstram o sentir com intensidade e falam abertamente sobre emoções, sobre sentir dor e se entregar a ela, e isso permite que o público se conecte com a música num nível mais profundo. Foi o que tentei fazer na Neverwinter, abordando a complexidade das emoções humanas.
5 – Com o triste advento da pandemia, as bandas estão sendo diretamente afetadas pela impossibilidade de tocar e fazer turnês. Como você e a Neverwinter estão lidando com esse tempo e as perspectivas para o futuro do grupo?
Apesar da impossibilidade de fazer shows, nós tivemos a grata surpresa de sermos chamados para participar de diversos festivais online (Bode Metal Fest, Metal com Batata, Caio Indica Fest, Under Fest). Aproveitamos para criar versões acústicas de algumas músicas, que estrearam em alguns desses festivais e estão disponíveis no nosso canal do YouTube. Mas o principal foi usar o tempo livre durante a pandemia para compor nosso próximo álbum.
6 – O 2º full lenght da Neverwinter ou mesmo um vindouro EP já está nascendo nas mentes da banda? O que podemos esperar?
Estamos em processo de pré-produção do nosso segundo álbum de estúdio, e a previsão é finalizar o álbum esse ano ainda. Esse segundo álbum com certeza está muito melhor que o primeiro, tanto no aspecto técnico quanto no peso das músicas, todas mais intensas e levando ao extremo tudo que já fizemos. Nesse álbum nós abandonamos o uso do teclado e vamos usar apenas orquestra, além disso, contamos com um produtor musical que vai lapidar as músicas e garantir maior qualidade na mixagem e orquestrações.
7 – Nesta sexta-feira próxima (29/01) a Neverwinter participará do Under Fest II, evento online com a participação de várias bandas do metal brasileiro se apresentando. Gostaria de falar mais sobre o acontecimento, a participação da banda e convidar os fãs para assistirem?
Tivemos o prazer de sermos convidados pelo Abel para participar do festival, ao lado de muitas bandas de peso. Estão todos convidados para assistir! A transmissão vai acontecer no canal do YouTube do Under Martyrs, a partir das 20h. Nós preparamos uma versão inédita da música Storm Above, que será apenas piano e voz. Ficou muito intimista, bem sentimental e bonita. Espero que gostem.
8 – Como você, mulher, vê o crescimento das mulheres na cena rock/metal no Brasil e no mundo? E o que ainda se pode e deve melhorar nesse sentido?
Eu fico feliz que é cada vez mais comum as bandas terem participação feminina, seja no vocal ou tocando algum instrumento, isso mostra que metal não tem gênero e que mulheres também sabem fazer música de qualidade. Uma prova do crescimento das mulheres na música é que o Caio Indica 3 será uma edição especial do festival em comemoração ao Dia Internacional da Mulher, apenas com bandas que tenham ao menos uma integrante mulher, e o line up é imenso: serão 6 dias de festival (começando no dia 12 de março). Não posso deixar de dizer que as mulheres da cena nacional são muito unidas e estão sempre apoiando umas às outras.
9 – Seu estilo de canto lírico tende ao suave, com poucas variações em notas altas. Isso dá um contraste interessante com o som pesado e harmônico da banda. Tal combinação vê-se em bandas como a austríaca Edenbridge e a germânica Arven, por exemplo. A ideia nas composições das canções é essa mesmo, propor tal combinação vocal-instrumental?
É uma característica da minha voz ser suave e “clara”, então esse contraste é inevitável. Apesar disso eu me esforcei para cantar mais grave em algumas músicas, justamente porque achei que o instrumental pedia um vocal mais agressivo (a exemplo da Opium e da Fallen). Em outras músicas achei que o instrumental combinou bem com um vocal mais delicado. Geralmente eu tento cantar o mesmo trecho em oitavas diferentes para ver o que combina melhor.
10 – Para terminar, qual mensagem você deixa para os crescentes fãs seguidores da Neverwinter?
Queremos agradecer mais uma vez a oportunidade de participar dessa entrevista. O trabalho de vocês é certamente muito importante, e esse apoio é muito importante para nós. E aos leitores, agradecemos muito por ter nos acompanhado na leitura dessa entrevista, aproveite também para conferir mais novidades sobre nós no instagram @neverwinter.official pois logo teremos novidades sobre o próximo álbum.
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Higor Hoenig e Fernanda Zys – Neverwinter |
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