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Roger Waters, o gênio concreto do Pink Floyd

O confrade Renato Azambuja, um dos pensadores desta confraria, fraseou que o Pink Floyd tivera dois gênios: Syd Barrett e Roger Waters.

O primeiro, o criador da coisa toda, já fora amplamente homenageado desde sempre aqui na Confraria Floydstock inclusive este ano nos adventos de seus aniversários de nascimento e morte.

O segundo, o desenvolvedor e chefe da coisa toda, George Roger Waters, disse para sí mesmo e para os remanescentes de sua banda quando orfãos de Barrett que o “Show must go on” e tomou as rédeas da carruagem psicodélica, aprogressivando-a progressivamente, dando a elas asas e gigantismo, transformando um pink floyd em O PINK FLOYD.

Roger Waters, o gênio concreto do Pink Floyd

Com Syd Barrett, primórdios floydianos.

Você reclama muito da vida, certo? Errado. Ou se quer reclamar, o faça artisticamente e transforme suas neuroses e ranzinzices em pura arte próspera e um legado para a cultura da humanidade.

George, o nosso Waters, tinha tudo para ter dado errado, pirado, enlouquecido como Syd ou como qualquer outro louco  que teve seus “fios” retirados de seu cérebro ou que não tivera a atenção devida de um avô ou pai levados no front, ou mesmo uma mãe austeramente presente ou esposa ausente, acendendo uma pequena vela para cada um deles, sozinho em casa, esperando até lhe jogarem um osso e entretendo-se até a morte.

Roger Waters, o gênio concreto do Pink Floyd

Roger Waters junto ao memorial de seu pai, Eric Fletcher.

Mas George, queria ser mais, muito mais que um filho de Eric e Mary e um arquiteto de Cambridge, ele vislumbrou e se tornara Roger Waters, aquele que adentraria a próxima década (70) e com sua banda, o Pink Floyd, já consolidado, mostraria ao mundo que o rock and roll poderia ser o maior gigante a pisar nesta terra e dentro do eixo progressivo do mesmo, regou seu pé de feijão, tornando-o nababesco, inalcançável, sem precedentes, um marco-zero, um antes e depois de.

Talvez a explicação do êxito completo de Waters deve-se ao fato de que sua vida, repleta de elementos complicativos, aliados à sua vasta cultura e inteligência, lhe concedera a faca e o queijo para transformar todas as agruras por ele vividas, sentidas e observadas em arte e que arte, projetadas por prismas em muros pelo mundo todo.

Roger Waters, o gênio concreto do Pink Floyd

Pink Floyd 70’s

Claro que com as “baixas” paternais sofridas desde criança, impostas pela Tríplice Entente e pelo Eixo e acrescendo-se a isso a influência militante maternal, Waters não escaparia de embeber sua obra em viés politizado desde os tempos ainda floyd-barrettianos, quando em “Corporal Clegg“, começara a vomitar seu desprezo pelas guerras, sobretudo as Primeira e Segunda Mundiais, que o mutilaram afetivamente.

A neurose bélico-política de Waters entrou num período de latência, mas voltaria a surgir com força gradativa a partir da temática sobre o caos urbano-moderno que ele concebeu no absoluto “The Dark Side of The Moon“, onde ali ele conseguia junto com os outros floyds a decolar para anos-luz de qualquer outra referência de tamanho e importância com outras bandas e artistas do seu sub-gênero e mesmo até do rock and roll em geral e então música contemporânea como um todo. Agora o Pink Floyd de Waters não era somente pop (e antes que os encrenqueiros surtem, digo pop no sentido de alcançar milhões de pessoas), nem era mais uma banda de rock progressivo da época, pois deixou todas para trás (e o fizera, por incrível que pareça, tratando das mazelas e tensões do cotidiano concreto da sociedade ao invés das nuances etéreas próprias ao estilo), mas era sim, agora, uma referência magnânima da música e cultura do século XX. Foi como se de repente, o Floyd estivesse na época, tal qual Beethoven, Mozart, Schubert ou Chopin estiveram em suas eras.

Roger Waters, o gênio concreto do Pink Floyd

Us And Them Tour – 2017

Mas seria mesmo no período pós 77, que a questão bélico-política de Waters o tomaria por completo, através de sua mente criativa.

A tríade magoada de álbuns, water-floydianos, “Animals“, “The Wall” e “The Final Cut“, denota toda a força de sua personalidade, o dom de flechar tudo o que, segundo sua percepção está cruelmente errado, tendo essa atmosfera atingido o seu auge completo na ópera-rock ‘The Wall“, toda ela oriunda de sua mente e sentimentos, que denunciava que a mesma mão que fere é aquela que cobra que você não fira e se vire com seus ferimentos, mesmo que para isso você se esconda num mundo interior murado.

Roger Waters, o gênio concreto do Pink Floyd

Us And Them Tour – 2017

E mais uma vez Waters apostou alto em transformar toda a sua dor em algo produtivo e imparmente colossal.

The Wall“, um álbum duplo de uma banda de rock progressivo em 1979 quebrou todo e qualquer muro da resistência punk e pós punk, reinantes naquele tempo e vendera milhões, com turnê avassaladora assistida por outros tantos.

Roger Waters, o gênio concreto do Pink Floyd

The Wall Tour – 1980

Com o corte final e a cisão floydiana, agora de fato Waters se via sozinho para expurgar seus males (e o dos outros) via sua obra solo, onde conseguiu ser novamente genial em trabalhos como “Pros and Cons of Hitchhiking” onde simulou um pesadelo vivido em tempo real no disco, pesadelo este, obviamente advindo de sua mente paranoica temente às carências afetivas, aí muito de seus insucessos amorosos, e também fomentadas pelo mundo moderno.

Roger Waters, o gênio concreto do Pink Floyd

Carolyn Christie, Roger Waters, Pattie Boyd and Eric Clapton – 80’s.

A carga veio novamente forte com a banalização de Deus e a corrida armamentista apocalíptica denunciada no álbum “Amused to Death” a última denúncia musical em forma de álbum por pelo menos duas décadas e meia, até…

Roger Waters, o gênio concreto do Pink Floyd

Com Jeff Beck – 90’s

…até 2017, quando ele nos brindou soltando aos quatro ventos a pergunta “Is This the Life We Really Want?” (É Essa Vida Que Nós Queremos?), ou praticamente a sua versão do Inferno de Dante anti-Tio Sam e afins, traduzido numa obra fonográfica.

Atualmente Roger Waters encontra-se em turnê mundial fazendo o quê: destilando o que ele tem de melhor a oferecer ao mundo, sua mente e língua cítrico-acusatória, na esperança que um dia esse tom não necessite mais ser usado.

Roger Waters, o gênio concreto do Pink Floyd

Us And Them Tour – 2017

E chegando no Brasil em breve!!!

Parabéns ao George e Congratulações a enésima potência ao Roger, um dos maiores artistas que ainda estão entre nós.

Por André Floyd – Editor da Confraria Floydstock.

Abaixo ouçamos a playlist “A Arte de Roger Waters” no Spotify, que você pode ouvir, seguir e compartilhar, clicando no player da imagem abaixo…

Roger Waters, o gênio concreto do Pink Floyd

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3 comentários em “Roger Waters, o gênio concreto do Pink Floyd”

  1. Parabéns por esta excelente resenha sobre o gênio Roger Waters. Só discordo do conceito da \”carruagem psicodélica \” já que a meu ver o Floyd sempre foi Prog e mais do que isto está na gênese do mesmo. A psicodélia a meu ver é apenas um elemento inerente na fabulosa música do Floyd. Quanto a ter deixado os outros para trás acho discutível também. Forte abraço e continue nos brindando com estes belos textos.

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  2. Parabéns por esta excelente resenha sobre o gênio Roger Waters. Só discordo do conceito da “carruagem psicodélica ” já que a meu ver o Floyd sempre foi Prog e mais do que isto está na gênese do mesmo. A psicodélia a meu ver é apenas um elemento inerente na fabulosa música do Floyd. Quanto a ter deixado os outros para trás acho discutível também. Forte abraço e continue nos brindando com estes belos textos.

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