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Resenha: A Vanguarda do Portal (Alta Tensão – Blues Bar MS – 11/03/16)


Pelo confrade Renato Azambuja, o Dali.
Acredito que para maioria dos presentes na noite de onze de março no Blues Bar, a experiência geral foi a de um show de memória afetiva. Dava pra sacar pela interação do público, que brandia punhos raivosos contra um inimigo invisível, as letras na ponta da língua como se a última apresentação do Alta Tensão fora no dia anterior e não vinte e quatro anos atrás.
Ao peso da música vieram somar-se o do legado desse gigante, que parece não ter perdido nada do seu brilho e intensidade, e também o da idade de muitos espectadores ali presentes.
Eu mesmo tive o privilégio de assistir a algumas apresentações do AT em sua última formação, com o Edson Fernandes na guitarra, o saudoso e carismático Alex ‘Batata’ nos vocais, e nas baquetas ele que é o pai do monstro em sua mais nova roupagem, nosso lendário Bosco!
Então pára tudo, que esse cara merece um capítulo especial!
Em minha saudosa adolescência recebi uma tremenda influência de dois ‘Boscos’. Um, o santo fundador da ordem Salesiana, São João Bosco, de quem se dizia ser um grande amigo dos jovens. Não poderia ser de outra forma,  já que estudei no tradicional Colégio Dom Bosco dos onze aos dezessete anos de idade.
A outra grande influência veio do Senhor Bosco Melo, o tal baterista do Alta Tensão e dono da indefectível loja de discos (sou da época dos Long Plays e das fitas cassete) e artigos de rock’n’roll ‘Rock Show’, que ficava na galeria do Edifício Itamaraty e depois mudou-se para o endereço onde ainda hoje se mantém, mostrando sua língua zombeteira todos os dias ao Obelisco da Avenida Afonso Pena.
Outro grande amigo dos jovens, Bosco Melo esteve a vida toda cercado deles. Sempre cortês e disposto a compartilhar seu conhecimento enciclopédico sobre rock com a molecada ruidosa que ainda hoje frequenta a Rock Show,  ele é sem sombra de dúvida o principal ator na prolífica cena roqueira de Campo Grande, pois muitos dos meus amigos músicos o tem como herói. De minha parte, embora frustrado como músico, sei que devo a ele uma adolescência repleta de significado.
Bosco, Rock Show e Alta Tensão estão impregnados no DNA de Campo Grande. Na curva de uma dessas cadeias de relacionamentos que a partir daí se foram formando eu conheci o ‘Stone Crow’ Helder Domingues, lá pelos idos de mil-novecentos-e-prefiro-não-mencionar.
Desde então ele se tornou um guitarrista foda, bem como dedicado cultor do bom rock pesado.
Há pouco tempo vim a saber do projeto do novo Alta Tensão, que se vinha desenhando desde 2014 entre Bosco, Helder e outro ‘Stone Crow’, o baixista Neylor Dutra.
E eis que mais uma curva arriscada dessa analogia desoxirribonucléica lança a ambos no estômago da mesma criatura: meu amigo Helder e o ídolo Bosco!
E dá certo: após uma estréia nitidamente ansiosa nas duas primeiras músicas, Submundo da Carne e Portal do Inferno, a pressão da responsabilidade se esvai, o monstro respira aliviado e num grunhido ordena ao novo Frontman, ‘Entre!’.
A partir de Rock Batalha a Alta Tensão pertencia aos amplificadores.
A banda recebeu a devida reverência dos músicos convidados e seu retorno aos palcos contou ainda com a participação de antigos membros como Adilson ‘Big’ Fernandez e Marcos Fernandes.
P.S.: uma pequena nota sobre o novo baixista: o cara é pura energia e atitude. Se depender de Neylor Dutra, o Alta Tensão não terá outros hiatos, porque o sujeito simplesmente não pára! Não pára nos intervalos entre as músicas, não pára quando a guitarra ou a bateria precisam ser afinadas. Não pára nem na hora da foto!

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