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'Os Mutantes', a estreia da maior banda brasileira de rock de todos os tempos

Na página da Confraria Floydstock no Facebook, já fiz algumas referências ao Mutante Arnaldo Baptista alusivas ao Criador do Pink Floyd, Syd Barrett, sendo ambos mestres contemporâneos da psicodelia e do lisergismo, separados pelo Oceano.

Em junho de 1967 o mundo se coloriu ao som do lançamento beatle “Sgt Pepper’s Lonely Hearts Club Band” e dois meses depois as cores, o lúdico e a alegria se completara com a estreia floydiana em “The Piper at Gates of Dawn“.

Cinco de junho de 1968. Passado um ano, do outro lado do Atlântico, em terras brasileiras, dois musicistas irmãos e uma menina sapeca sardentinha que viria a namorar um deles, eclodiam dos programas e festivais de TV, fazendo imergir uma similar lisergia, porém adicionando à receita pitadas felicíssimas de musicalidade afro-brasileira, como o samba, o baião a MPB e até mesmo referências claras ao candomblé, ou seja, o então emergente Tropicalismo.

Nascia assim o primeiro álbum, autointitulado da melhor, mais importante e influente banda de rock brasileira: Os Mutantes, trazendo os supracitados irmãos Arnaldo Baptista (voz, baixo e teclado) e Sergio Dias (guitarra e voz) e a cantora que se tornaria a musical personificação feminina paulistana, Rita Lee (flauta doce, percussão e voz).

Os Mutantes” ganhou a merecida atenção não só do Brasil, mas do resto do mundo, arrebatando o mercado americano e europeu, fincando-se como um dos álbuns mais experimentais de todos os tempos em diversas listas da crítica especializada e conquistando desde então, fãs estrangeiros ilustres como o saudoso Kurt Cobain, frontman do Nirvana que certa vez desembarcou no Brasil indagando “Onde aqui eu acho mais desses?” segurando o tal CD. O disco tinha acabado de ser lançado neste formato em 1992.

Ouvindo o disco, tem-se a sensação de estarmos ouvindo um disco de rock, mas obviamente não somente, onde nossa mente parece estar passeando num Cruzeiro Brasil-Inglaterra-Brasil-Inglaterra… , com tamanho mesclado de sons tupiniquins e rock and roll (isso sem contar as “viagens interdimensionais” que este trabalho repleto de efeitos sonoros além da instrumentalização tradicional, parece nos remeter, tal como “Sgt Pepper’s e Piper at Gates).

Produzido por Manoel Barenbein e arranjos de Rogério Duprat (uma espécie de padrinho musical do grupo à época, risos jocosidades vocálicas e instrumentais, sobram em “Os Mutantes“, que também já denotava o virtuosismo de seus músicos que só faria crescer com o tempo, culminando na mudança para o rock progressivo na década seguinte (outra semilaridade com o Pink Floyd).

Temos uma canção com ar de cantiga de roda fel-política em “Panis et Circenses“, um sambinha mega tropical de Jorge Ben, incluindo a participação do próprio ao violão em “A Minha Menina“, o rock-baião de Sivuca e Humberto Teixeira, cantado aqui com muito humor em “Adeus Maria Fulô“, o cover de Gil e Caetano em “Baby“, a espetacular macumbada “Bat Macumba” e as imersões psicodélicas em “O Relógio” e a sensacional “Ave Gengis Khan“.

Também não seria descabido citar a canção “Senhor F“, tomando-a como exemplo associativo para “Sgt Pepper’s” e “Piper at Gates“, comparando o estilo e atmosfera desta com as canções “Being for the Benefit of Mr. Kite!” e “Scarecrow” dos respectivos álbuns bretões.

Concluindo, “Os Mutantes” fora um baita de um cartão postal auditivo que viera plantar a semente para o desenvolvimento de uma banda que passaria por diversas crisálidas sonoro-evolutivas, transpondo mudanças de formação, irrompimento de décadas, estilos, divórcios, novos modismos, jamais deixando de ser a banda brasileira de rock que mais impressionou o mundo, sendo talvez somente seguida de perto pelo Sepultura, que já se enquadra na vertente específica do metal.

Ouça-o com cautela, pois ele mudou os ares no Brasil, no mundo e poderá mudar a sua vida…

Tracklist:

  • 1. Panis Et Circenis
  • 2. A Minha Menina
  • 3. O Relogio
  • 4. Adeus Maria Fulo
  • 5. Baby
  • 6. Senhor F
  • 7. Bat Macumba
  • 8. Le Premier Bonheur Du Jour
  • 9. Trem Fantasma
  • 10. Tempo No Tempo
  • 11. Ave Genghis Khan

A Banda:

  • Arnaldo Baptista – baixo, teclados, voz
  • Rita Lee – voz, flauta doce, percussão
  • Sérgio Dias – guitarras, voz

Participações especiais:

  • Dr. César Baptista – voz em “Ave Gengis Khan”
  • Dirceu – bateria
  • Jorge Ben – violão em “A Minha Menina”

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