6º álbum de estúdio do grupo chegou no dia 31/10/1971, denotando a direção e forma que a banda tomaria ao longo daquela década
Era a nova aurora setentista. O rock and roll já estava longe de ser uma novidade no mundo, cada vez mais sedimentando seu status quo na cultura mundial.
E no campo do rock progressivo não era diferente, era o tempo e a hora de bandas como Yes, Jethro Tull, Emerson, Lake & Palmer, e claro, o Pink Floyd se firmarem peremptoriamente junto à crítica e público.
No tocante ao Pink Floyd, deixar a década de sessenta e o espectro de Syd Barrett para trás se fazia mister, e dando sequência ao primeiro passo, o lançamento em 1970 do álbum “Atom Heart Mother“, veio então no ano seguinte um passo bem mais firme, saindo do gelo fino: a composição, gravação e lançamento do álbum “Meddle“, gravado durante o ano corrente de 1971 e lançado no findar de outubro do mesmo.
Em comum com seu antecessor, “Meddle” trazia na sua versão em vinil, um lado com várias canções, precisamente cinco, e outro com a chamada “canção de banheiro”.
Eram as primeiras moléculas do oxigênio que futuramente culminaria na atmosfera do apical álbum “The Dark Side Of The Moon“.
Aqui o baixista e cantor Roger Waters começa literalmente a segurar as rédeas do grupo, sobretudo no setor letras, e os quatro membros começam a subir gradativa e exponencialmente suas criatividades, emancipando-se da necessidade barretiana.
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Isso já fica visível, no caso audível, na faixa que inicia o lado A “One Of These Days” (“I’m Going To Cut You In Little Peaces“), onde a parte entre parênteses fora suprimida do título para não ficar muito longo.
Os primeiros acordes de baixo, incrementados por pedais, dão o padrão respeitoso dessa música que vai se construindo aos poucos com a adição dos pratos da bateria de Nick Mason e toda sua criatividade percussiva, até chegarmos ao climax e acelerar com o slide guitar sensacional de David Gilmour, tudo isso muito bem harmonizado pelo piano de Richard Wright.
Sequenciando, surgem duas canções que dão início a uma era da parceria Waters/Gilmour, que tantos frutos daria no futuro floydiano.
São elas: “A Pillow Of Winds” e “Fearless“, duas belíssimas músicas pra acalmar um pouco as coisas e no fim desta última, ouvimos o coro da torcida do Liverpool bradando “You’ll Never Walk Alone“, contra-atacada pelos gritos do rival Everton.
Prosseguindo, chegamos no infalível e macio jazz-rock de Waters com sua “Saint-Tropez” e o “blues canino” “Seamus“, onde usaram o cão de Steve Marriot para cantarolar ante aos acordes de Gilmour e Wright, com David Gilmour cantando.
Virando o disco, chegamos a ela que pode e deve ser considerada a primeira obra-prima composta por essa formação do Pink Floyd: a elegante, nobre e longa “Echoes“.
De início, foi amplamente concebida por Richard Wright, sobretudo no que se referiu à introdução e finalização, com a famosa tecla seca que dá o pontapé inicial da canção, sua estrutura melódica os muitos efeitos de ecos e ventos trabalhados aqui com David Gilmour e uma das mais belas letras que Roger Waters já escrevera.
Deve-se ressaltar o aparecimento de um outro ponto forte que também faria sucesso no grupo no futuro, o duo vocal de Wright e Gilmour, vozes que parecem ter sido feitas para cantarem juntas.
Nick Mason esbanja sensibilidade e técnica, sobretudo nos pratos no início da segunda metade da canção.
“Meddle” alcançou o terceiro lugar no Reino Unido e foi platina duplo no mercado fonográfico na terra do Tio Sam.
Não tinha mais jeito, o Pink Floyd definitivamente agora era uma das maiores bandas do rock progressivo e caminhando para se cristalizar como uma das maiores do planeta em todos os tempos.
Tracklist:
- 1 One Of These Days
- David Gilmour, Nick Mason, Richard Wright, Roger Waters
- 2 A Pillow Of Winds
- David Gilmour, Roger Waters
- 3 Fearless
- David Gilmour, Roger Waters
- 4 San Tropez
- Roger Waters
- 5 Seamus
- David Gilmour, Nick Mason, Richard Wright, Roger Waters
- 6 Echoes
- David Gilmour, Nick Mason, Richard Wright, Roger Waters.
2 comentários em “‘Meddle’, o alicerce do novo Pink Floyd”
Fabuloso extraordinário fascinante álbum.
Fabuloso extraordinário fascinante álbum.