Após sanar todas as dúvidas de crítica e público após a sua “reestreia”, 2 anos antes, no álbum “The Number of the Beast“, quando o vocalista Bruce Dickinson fora recrutado para substituir Paul Di’anno e logo depois, Nick McBrain, que assumira as baquetas de Clive Burr, além de mais uma “contra-prova no álbum seguinte, “Piece of Mind” (1983), não tinha mais jeito: o Iron Maiden era sim uma nova potência estabelecida do heavy metal bretão que conquistara o mundo.
Em 3 de setembro de 1984 chegava o aclamadíssimo álbum “Powerslave“, que viria se tornar o preferido da discografia da banda para muitos fãs.
O clima era o mais favorável possível, exceto pelo ali surgimento de um crescer de egos de Bruce Dickinson e o baixista-boss Steve Harris, mas nada que atrapalharia os trabalhos na época (na época).
A História e Literatura se tornavam cada vez mais intrínsecas aos processos de conceituação dos álbuns e composição da canções da Velha Donzela.
A capa de “Powerslave“, outra das inúmeras obras de arte do artista gráfico Derek Riggs, traz o Edge (mascote do Maiden) como uma esfinge egípcia, remetendo às relações de poder entre Faraós e o trabalho escravo, cuja mão-de-obra levantaram pirâmides e esfinges.
Temas mais recentes, atuais e densos à época também alimentaram o trabalho, como na canção de abertura “Aces High“, um soco no estômago, alusiva aos ases da aviação da Segunda Grande Guerra, com direito à intro “narrada pelo 1º ministro Winston Churchill”. Se tornaria uma das canções obrigatórias do grupo.
Assim como a sequencial “2 Minutes to Midnight” uma das canções de heavy metal mais tocadas nas paradas dos anos 80, abordando o clima da então ameaça nuclear e trazendo riffs e um refrão metálico-pegajoso, inesquecível.
Steve Harris esbanja talento ao discorrer melodicamente a sua composição “Losfer Words (Big ‘Orra)“, terceira faixa do álbum, a única inteiramente instrumental deste.
O álbum realmente parece não ter erro e de fato não tem. Com todos os cinco integrantes de vasta excelência executando as suas funções com primor, a dupla de guitarristas Adrian Smith e Dave Murray que o diga, ambos com aquela velha e feliz mania de procurar sempre pelas melhores notas a serem tocadas a seguir.
Difícil imaginar no meio do heavy metal oitentista, alguém que estivesse cantando tão bem neste período do que Bruce Dickinson. Talvez possa-se dizer Rob Halford no Judas Priest ou King Diamond com seu nascente Mercyful Fate, ainda assim eram estilos bem diferentes.
Voltando as atenções para as faixas de “Powerslave“, há de bater palmas de pé e com os braços para cima pelo belíssimo trabalho de Dickinson ao compor a faixa-título, possivelmente a melhor criação de sua vida. Canção rica em melodia, cadência e letra, escrita pelo historiador Bruce sobre as relações de poder do Egito antigo.
E, claro, para finalizar o “chefe” Steve Harris não poderia deixar de assinar a obra com a espetacular “Rime of the Ancient Mariner“, que ele fora busca inspiração lá no século XVIII, nas palavras escritas pelo poeta bretão Samuel Taylor Coleridge, contendo a “Maldição do Albatroz”. Outra daquela canções longas (13 minutos), repleta de ene nuances, mas que poderiam ser eternas que ninguém enjoaria.
Obviamente que uma mega turnê seria quase que obrigatória para reverenciar “Powerslave” e assim fora feito.
No ano seguinte chegaria “Live After Death” o primeiro registro ao vivo da fase Dickinson da turnê que mostrara “Powerslave” ao mundo.
Tracklist:
- “Aces High” (Steve Harris)
- “2 Minutes to Midnight” (Adrian Smith/Bruce Dickinson)
- “Losfer Words (Big ‘Orra)” (Harris)
- “Flash of the Blade” (Dickinson)
- “The Duellists” (Harris)
- “Back in the Village” (Smith/ Dickinson)
- “Powerslave” (Dickinson)
- “Rime of the Ancient Mariner” (Harris)
A Banda:
- Bruce Dickinson – voz
- Dave Murray – guitarra
- Adrian Smith – guitarra e segunda voz
- Steve Harris – baixo e segunda voz
- Nicko McBrain – bateria
1 comentário em “Iron Maiden: "Powerslave", a obra clássica de uma banda já estabelecida”
35 anos de um disco que não envelhece nunca. Powerslave é com certeza o melhor disco da donzela de Ferro e meu favorito da discografia dos caras até hoje.