Ainda não lhe parece, e ele mesmo evita o assunto, mas os 70 anos chegaram. Mais precisamente neste sábado, 25, o garoto londrino Reginald Kenneth Dwight, que começou a tocar piano aos 3 anos de idade ouvindo Elvis Presley e Bill Halley antes de deixar de ser Reginaldo para se tornar Elton, chega ao tempo da serenidade. Sir John, por menos que sua história combine com tal status, é um homem de família. Explosivo com os mais próximos, solidário com quem não conhece, seu senso humanitário pode esbravejar na injustiça e evaporar-se na ira. É quando a boca chama os inimigos. “Quem dubla no palco, diante de pessoas que pagaram 75 libras por um ingresso, merece levar um tiro”, disparou contra Madonna. “Ele é patético, coitadinho. Parece um macaco com artrite tentando subir no palco e parecer jovem”, falou de Keith Richards.
O ano que pode ser de balanços espirituais e revisão de carreira inclui também alguns shows no Brasil. Por menos que pareça sensível ao fechamento de ciclos, este pode ser um fator emocionalmente diferencial das outras apresentações recentes que fez por aqui. Elton se apresenta primeiro, dia 31 de março, em Curitiba (Pedreira Paulo Leminski), seguindo depois para Rio de Janeiro, em 1º de abril (Praça da Apoteose); Porto Alegre (4 de abril, Anfiteatro Beira-Rio); e São Paulo (6 de abril, Allianz Parque). Vai dividir uma noite generosa com James Taylor, espécie de seu heterônimo norte-americano ao violão, detentor da mesma habilidade de entender o que pode fazer multidões cantarem juntas, resignadamente apaixonadas.
Aniversários de Elton John sempre foram tão espalhafatosos quanto as fantasias de Pato Donald ou Mozart com as quais ele subiu ao palco nos anos 80.
Os 70 anos serão acolhidos de forma mais discreta e humanitariamente consciente. Sua festa será em Los Angeles, no Hammer Museum, e terá o envolvimento da Elton’s Aids Foundation, mantida pelo artista, que oferece assistência a portadores do vírus HIV. Além dos 70 anos de Elton, serão lembrados os 50 da parceria com Taupin. A intenção da noite, organizada por Rob Lowe, será de arrecadar dinheiro entre convidados milionários como Lady Gaga, madrinha dos dois filhos do pianista, para o tratamento da doença. Sinal de que a farra ainda existe, desde que tenha um razão social.