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Música é assunto para a vida toda

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Bob Dylan: as 8 décadas do mestre

Há 80 anos o mundo explodia em miríades de cores, ficando mais enigmático, e levando de chofre o mundo pop. Era a resposta da natureza à unilateralidade opaca dos Mestres da Guerra, uma procissão de múltiplos personagens à prova de opinião. 

‘To be outside the law you must be honest’. 

O ladrão integro, o sisudo bobo-da-corte.

There must be someway out of here‘.

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Em um irredímivel mundo hipócrita, Dylan encarna o fora-da-lei arquetípico, mas aos que o seguem fervorosamente em busca de revelação ele convida a cheirar a flor de plástico em sua lapela

O mundo que Dylan canta não é ‘liberto pela arte’, é a arte liberta que dita e desdita o mundo. Eros e civilização.

Trazendo a Lira de Apolo e reformando o culto Dionísico, o bardo concilia ciência e arte, derrubando os mais sedimentados cânones dos séculos, como a crítica de T S Eliot ao ‘empobrecimento’ da poesia pela música, tomando Alfred Nobel de assalto.

Dylan fez de si uma obra-prima inacabada, like a Rolling Stone. Tudo o que não faz parte de sua arte: origem, classe social e filiação, é absolutamente desprezível.

Tampouco lhe interessa a ‘verdade’ com que arrebatou uma legião de seguidores, que o chamaram Judas quando Dylan convocou uma banda para ‘escoltá-lo’ ao palco.

Assim é sua música: letra, melodia, impressões bem humoradas de um simples ser humano de inflexão anasalada em meio ao turbilhão dissonante da sociedade americana.

Tudo magistralmente encaixado em sua fórmula e em seguida descartado com a forma.

Pouquíssimos compreenderam tão bem a importância do mistério em detrimento da superexposição.

Em fins da década de sessenta, um acidente de moto em Woodstock e seu sumiço dos holofotes, a comunidade artística onde morava tornou-se local de peregrinação para os grandes como Hendrix e Clapton, e em 1969 abrigou um dos maiores símbolos da contracultura americana.

Nasce a lenda quando a arte é maior que a vida. Quanto a Dylan não se sabe, desde o início, qual imita o quê.

O sangue de uma vida assim sacrificada escorre direto para as faixas, “Blood on the Tracks“. Mas a cada vez que desce ao inferno e experimenta seu corpo despedaçar, o mundo retorna mais consciente.

Viva Robert Allen Zimmerman, viva Bob Dylan!

Pelo confrade Renato van Azambergen.

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