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The Who: Roger Daltrey diz que sua geração evitou a Terceira Guerra Mundial

The Who: Roger Daltrey diz que sua geração evitou a Terceira Guerra Mundial

Finalmente o Brasil verá The Who ao vivo.

Prestes a desembarcar para três apresentações no país, no Rock in Rio, no São Paulo Trip e em Porto Alegre, todas na segunda quinzena de setembro próximo, o frontman Roger Daltrey comentou sobre tal passagem do grupo bretão por aqui, além de outros assuntos em entrevista publicada no jornal O Globo.

Leia abaixo alguns trechos:

Por que demorou tanto para The Who se apresentar no Brasil?

Pete não gosta de fazer turnês. Em 1968, na época de “The Who sell out”, viajamos pela primeira vez, para Austrália, Nova Zelândia e EUA. Teve confusão na Austrália, fomos expulsos do país. Depois disso, a formação clássica, com Keith e John, nunca mais saiu do eixo Europa-EUA. Todas as vezes em que apareceram convites, Pete recusou. Só fomos ao México, por exemplo, no ano passado. Aliás, fiquei impressionado com o público, que cantava todas as músicas em coro.

O público brasileiro também gosta de cantar junto…

Sério? Eu adoro, me alimento da energia e uso no palco. No México, pela primeira vez na história do Who, o público cantou mais alto do que a gente. Quando as pessoas cantam junto, as batidas dos corações ficam todas no mesmo ritmo. Ainda hoje é das coisas que mais me arrepiam em shows de rock. Adoraria experimentar isso de novo no Rio, em São Paulo e Porto Alegre. Mas prefiro não ter expectativas, se a gente ainda tiver fãs no Brasil já é lucro.

Claro que têm! O dia mais concorrido do Rock In Rio é o dia em que vocês tocam…

Mas não é por causa do Guns N’ Roses? Tudo bem se for. Adoro o Slash, um guitarrista fenomenal! Fiquei feliz de saber que ele vai tocar no Rio de novo. Aí a coisa esquenta, né? (risos)

Vocês e o Guns aparecem como co-headliners. Alguma chance de dividirem o palco?

Acho bem difícil (risos). Embora tenhamos nos notabilizado por shows em grandes arenas, sempre nos sentimos, em festivais, desde Monterrey (1967), Woodstock (1968) e Ilha de Whight (1970), como gladiadores em uma arena romana. A passagem de som é uma incógnita, você está sempre nas mãos dos deuses. Aí é complicado amarrar algo extra.

Nas redes sociais, fãs do Guns e do Who protagonizaram uma polêmica sobre quem deveria se apresentar antes ou depois…

Isso é uma idiotice. Não dou a mínima se entramos antes ou depois. Agora, não posso deixar de lembrar do que Mick Jagger disse: “A pior decisão de sua carreira é entrar em um palco imediatamente depois do The Who”. E se o Mick disse…(risos)

Qual será o repertório dos shows no Brasil?

Os clássicos, com um set list parecido com o que fizemos no começo do mês no Canadá (com “Who are you”, “The kids are alright”, “I can see for miles”, “My generation”, “Pinball wizard”, “See me feel me”, e um final matador, com “Baba O’Riley” e “Won’t get fooled again”). É engraçado, porque o público escuta os acordes de certas músicas e começa a cantar antes da gente. De novo: adoro! (risos).

Você vem falando da desimportância do rock, em como o hip-hop o superou…

Sim. Não sei se um dia o rock vai virar algo como o jazz, um gênero para poucos apreciadores, vamos ver. Mas acho que chegamos a um ápice, experimentamos de tudo no rock, e não há mais novas fórmulas a ser encontradas. Ele se esgotou. O hip-hop foi um passo à frente. Gosto muito de quase tudo, ouço sempre que posso. Só não sou fã do gangsta rap. Mas tudo bem, o rock dos anos 50, 60 e 70 foi pertinente e crucial para artistas e público.

Em que sentido?

A revolução adolescente foi fundamental para evitar um novo conflito mundial de proporções catastróficas. Tenho certeza de que estaríamos muito mais perto de uma Terceira Guerra Mundial se não fosse pela música do Who, dos Stones, dos Beatles, Beach Boys, Kinks, Animals, Zombies e tantos outros. Nós trouxemos um quê de liberdade e inconformismo em um momento muito importante. Minha geração denunciou a manipulação política através da cultura de massas.

E o que acha da cena pop contemporânea?

Escuto cada vez menos, literalmente, então me exponho a ela menos do que gostaria. Eu e Pete sofremos de problemas auditivos por conta da exposição que tínhamos, sem proteção alguma, ao barulho da música eletrificada, nos shows quase diários, anos a fio. Fazemos, inclusive, piada um com o outro quando estamos no palco, embora isso jamais tenha prejudicado nossas apresentações. Mas vou dar meu pitaco mesmo assim: tenho a sensação de que o pop e o r&b de hoje são monocórdicos. Parece que há uma mesma pessoa cantando todas as músicas, só muda o nome e o sobrenome para disfarçar (risos).

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