Hoje é dia dele. Chato, mal encarado, marrento, mal humorado e tudo mais nesse sentido, mas um dos maiores musicistas nascidos no século XX.
Hoje o foco principal será dedicado a ele, com n postagens o homenageando nas suas três faes principais de sua carreira: Deep Purple, Rainbow e Blackmore’s Night.
Iniciando nossas homenagens ao mestre Ritchie Blackmore, eis o que considero seu melhor momento na fase Deep Purple.
Justiça seja feita: todos os cinco membros do grupo só faltou fazer chover nas apresentações na terra do sol nascente, que originaram o duplo ao vivo “Made In Japan“.
E Ritchie simplesmente fora fantástico.
Desde a inicial e trovejante “Highway Star“, com o seu famoso e inigualável solo melódico, a melhor versão de “Child In Time“, com um Blackmore literalmente endiabrado, o improvisado e prolongado riff inicial de “Smoke And The Water“, o inesquecível duelo guitarra-voz travado com Ian Gillan em “Strange Kind Of Woman“, o mergulho no blues-rock em “Lazy” e a viagem absoluta de “Space Truckin‘.
Enfim, Ritchie Blackmore e seus amigos (amigos pero no mucho) fizeram os japas arregalarem os olhos e infelizmente isso não foi filmado.
Seguindo em nossas homenagens ao guitarrista Ritchie Blackmore, destaco agora o momento que considero como sendo o seu ápice na fase Rainbow: a apresentação registrada no CD/DVD Live in Munich, de 1977.
Ao contrário do álbum da nossa primeira mensagem de hoje, o Deep Purple “Made in Japan”, onde tudo funcionava e brilhava pelo conjunto e entrosamento, aqui no Rainbow, tudo fora montado para que o chefe e idealizador do grupo brilhasse.
Mas o nosso Blackmore, como de bobo nunca tivera nada, convocou músicos de primeira grandeza para serem seus “coadjuvantes de luxo”, com potencial imenso de roubarem a cena.
Então, acompanhado pelo “nanico” em tamanho, mas gigante na voz, Ronnie James Dio, do baixista Bob Daisley, que depois iria se juntar a Ozzy Osbourne e Uriah Heep, do fantástico pau pra toda obra, o baterista Cozy Powell, além do tecladista David Stone, o que se viu e ouviu fou um maravilhoso espetáculo de blues-hard-rock, capitaneado por sua excelência Ritchie Blackmore, que despejou ali todas as suas influências musicais.
A porrada hard já nos pega de jeito com os riffs e solos de Ritchie guarnecidos pelos lindos gritos de Dio em “Kill the King“.
Divagando na intro e climatizando tudo, Blackmore nos remete ao blues-rock-lamento de “Mistreated“, onde novamente Dio é magistral em seu canto (e quando ele não era).
Outros espetáculos à parte são a linda e extensa “Catch the Rainbow“, onde o erudito aparece na introdução, com Blackmore entoando um trecho lírico de “Ave Maria” e mais pra frente durante a canção ele sola a perder de vista, felizmente.
A certeira “Long Live Rock ‘n’ Roll” é o clássico hard rock por definição, território onde Ritchie Blackmore conhece como ninguém.
Em “Man on the Silver Mountain” ele nos brinda com uma blueseira improvisada dentro da canção.
E como último destaque, o que ele fez em “Still I’m Sad“, um cover da banda The Yardbirds que na sua versão orignal não passa de três minutos e aqui fica nove vezes maior é algo fora-de série.
Sequenciando com nossa homenagem ao excepcional Ritchie Blackmore, chegamos à fase que ele está hoje, a bordo de sua banda celta-folk-rock Blackmore’s Night ao lado de sua candura, a esposa e cantora Candice Night.
E desta fase eu enalteço justamente o debut, ou seja, o álbum primeiro deste projeto, “Shadow Of The Moon”, lançado em 1997.
O trabalho todo é refinado e primoroso, com um Ritchie Blackmore aqui, mais sereno e compenetrado às suas notas, sem todo o espalhafato sonoro e performático que imaginávamos ao ouvir e víamos nas suas obras do tempo de Purple e Rainbow além de deixar um pouco as guitarras descansarem e empunhar mais violões e bandolins.
Destaco as faixas “Play Minstrel Play“, com participação de ninguém menos de Ian Anderson, com sua flauta mágica, “Ocean Gypsy“, cover do Renaissance, onde Candice não fica devendo à Annie Haslam e Blackmore faz lindos acordes.
Em “Writing on the Wall“, Blackmore faz uma linda adaptação celta à obra de Tchaikovski.
Mas é no segmento final que o disco fica maravilhoso ao cubo.
“No Second Chance“, uma linda balada celta, “Mond Tanz“, um show de notas de Blackmore, numa canção alegre, “Spirit of the Sea“, a voz de Candice nos faz ter certeza que fora feita para o violão de Ritchie Blackmore, a famosa “Greensleeves” ganha sua versão trabalhada pelas cordas de Ritchie e a última “Wish You Were Here” (apenas homônima a aquela do Pink Floyd) na minha opinião, sozinha ela já valeria todo o álbum, música completa, lindíssima e aqui sentimos novamente uma guitarra que nos faz lembrar que aqueles tais acordes são púrpuros.
Versões posteriores ainda trouxeram a faixa bônus “Possum’s Last Dance“.