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Review: O álbum de estreia de Crosby, Stills & Nash

Crosby, Stills & Nash” (1969), a estreia em estúdio do trio, teve sua geração a partir do desmembramento do Buffalo Springfield, época em que Stills encontrou Crosby algumas vezes depois de algum tempo afastado – eles tinham se conhecido anos antes quando suas ex-bandas estavam em turnê; essas reuniões informais ganharam ainda mais força quando irrompeu da incipiente parceria a pérola atemporal “Wooden Ships“, com participação de Paul Kantner, do Jefferson Airplane.

Nash, já farto do desvio comercial do Hollies, cuja gota d´água foi a recusa da idílica “Marrakesh Express” para gravar um disco de canções escritas apenas por Bob Dylan (Hollies Sing Dylan, 1969), deixou a banda em agosto de 1968.

Os três se encontraram juntos pela primeira vez e improvisaram em cima de “You Don’t Have To Cry”, então canção inédita do ex-Hollies. Nesse instante, após alguns impasses legais referentes a contratos e gravadoras (curiosamente encontraram portas fechadas na Apple dos Beatles), consolidaram o trio.

Stills vivia seu período mais criativo, então ele acabou dominando o trabalho de composição – quatro canções são assinadas apenas por ele e uma em coautoria – e também fez de tudo um pouco na parte instrumental.

Começar um trabalho com a junção de várias canções em uma só não era tarefa das mais fáceis, mas Crosby, Stills e Nash conseguiram. “Suite: Judy Blue Eyes” é formada por quatro minicanções de Stephen Stills escritas para Judy Collins, então sua namorada. É uma variação tão grande de estilos, que é quase impossível descrevê-la dentro de algum gênero musical. Só nisso, o legado do trio às próximas gerações já estava assegurado.

Guinnevere“, de David Crosby, uma das melhores canções do trio foi dedicada a Joni Mitchell, sua paixão. Outra dedicada para Mitchell é “Lady of the Island”. Sim, os dois estavam apaixonados por ela, mas Nash era o namorado e fez a letra com melodia semelhante ao tipo de música cantado por Mitchell.

Um country folk legítimo, “Long Time Gone” tem cada um do trio em seu momento solo e uma guitarra dando o ritmo, mostrando incrível potencial nas apresentações ao vivo. A lindíssima “49 Bye-Byes“, em que os três só querem um pouco de amor da amada, encerra tão bem o disco que a vontade de dar play e ouvi-lo do início ao fim novamente é quase inevitável.

Para fazer a capa do LP, o trio e o fotógrafo Henry Diltz encontraram uma casa abandonada, sentaram em um sofá e fizeram algumas fotos em que a ordem ficou Nash, Stills e Crosby. Até então, eles ainda não haviam pensado na ordem dos nomes. Com Crosby, Stills & Nash definido e estilizado, eles retornaram ao local para fazer uma nova sessão, agora na ordem correta. Só que havia um pequeno detalhe: a casa havia sido demolida. Então ficou do jeito que estava mesmo.

Lançado em 29 de maio de 1969, o disco homônimo foi bem recebido pela crítica e reescreveu a história da união entre o country, folk e rock. Meses depois, Neil Young entraria no grupo, e eles fariam a apresentação histórica no festival Woodstock, bem como lançariam obras incríveis como “Deja Vu” e “4 Way Street”.

Não durou muito Crosby, Stills e Nash como um trio, mas, sem dúvida alguma, o legado que eles deixaram nesta estreia que levou o nome deles está mais do que provada. Com a entrada de Neil Young, formariam um dos quartetos mais famosos do mundo. Eles ficaram unidos até abril de 1970, quando problemas internos e de comportamento dos quatro acabaram por encerrar as atividades do agora Crosby, Stills, Nash & Young. Eles voltariam apenas em 1974.

Pelo confrade Marcos Filho
Tracklist:

Lado A

1 – “Suite: Judy Blue Eyes” (Stephen Stills) (7:25)
2 – “Marrakesh Express” (Graham Nash) (2:39)
3 – “Guinnevere” (David Crosby) (4:40)
4 – “You Don’t Have to Cry” (Stephen Stills) (2:45)
5 – “Pre-Road Downs” (Graham Nash) (3:01)

Lado B

1 – “Wooden Ships” (David Crosby, Stephen Stills, Paul Kantner) (5:29)
2 – “Lady of the Island” (Graham Nash) (2:39)
3 – “Helplessly Hoping” (Stephen Stills) (2:41)
4 – “Long Time Gone” (David Crosby) (4:17)
5 – “49 Bye-Byes” (Stephen Stills) (5:16)

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