Realmente é muito gratificante quando um aguardado e bem promovido lançamento junto ao seu público pertinente chega e não somente corresponde, mas até mesmo supera expectativas.
A numerosa banda holandesa de metal sinfônico MaYan, comandada pelo guitarrista Mark Jansen, também líder do Epica, vinha propagandeando em suas redes sociais a chegada de seu novo full-lenght, “Dhyana” pela Nuclear Blast, gravado todo ele com a presença da Orquestra sinfônica de Praga e principalmente contando com a estreia da vocalista Marcela Bovio, egressa de seu grupo Stream of Passion, que encerrara seus trabalhos em 2016.
Longe de ser um “Epica 2”, apesar de também ser metal sinfônico e também contar com as chamadas “Female Metal Singers”, o MaYan se difere principalmente por uma amplidão nos conceitos e recursos musicais.
Para começar, são mais musicistas e vocalistas envolvidos no grupo, que agora conta com um verdadeiro time de cantores de ambos os gêneros e estilos.
Com a pluralidade de vocalistas, “Dhyana” ganhou uma enorme gama de alternativas sequenciais em suas canções, podendo constantemente nas faixas jogar com o gutural, o rasgado masculino e feminino e o canto lírico.
Henning Basse, Adam Denlinger e o próprio Mark Jansen mandam o recado alternando-se nos vocais limpos e guturais do lado masculino, enquanto as meninas Laura Macri e a estreante Marcela Bovio dulcificam e temperam as coisas nas vozes líricas e limpas e/ou rasgadas, respectivamente.
O álbum corresponde às expectativas primeiro por receber uma excelente produção, o som pode ser contemplado límpido e vívido, com clareza de suas partes envolvidas, tanto nos instrumentos da banda e seus vocais, como as partes de orquestra, tudo muito bem equilibrado.
As três primeiras canções, “The Rhythm of Freedom“, “Tornado of Thoughts (I Don’t Think Therefore I Am)” e “Saints Don’t Die“, literalmente dão o tom do que você ouvirá em todo o disco, com um soleníssimo parenteses dado na quarta e maravilhosa música, a faixa-título. A canção que intitula o álbum nos remete a uma melodia belíssima em cordas e voz, entoada em espanhol por Miss Bovio e agraciada pelo esplêndido canto lírico da soprano Laura Macri.
Outro momento onde esse tom é suavizado é “Satori“, a oitava faixa que nos traz uma inspiradíssima combinação do piano de Jack Driessen, a Orquestra Sinfõnica de praga e o canto mavioso-erudito de Macri.
Por sinal, como essa dupla vocal feminina funcionou extremamente bem em “Dhyana”. A sintonia, feeling e química entre Bovio e Macri não poderia ter sido mais feliz. Ambas estão aqui cantando uma barbaridade.
Instrumental e melodicamente o álbum soa profundamente pesado e intenso, com canções fortes, belas sequências orquestro-melódicas inseridas em meio aos turbilhões “guitarristicos”, entre riffs e solos, além das pegadas percussivas incansáveis dos pedais duplos da bateria de Ariën van Weesenbeek.
Vale atentar para a linda performance ao contrabaixo de Roel Käller em meio à quinta faixa, Rebirth from Despair.
Concluindo, “Dhyana” soa épico e apoteótico, da primeira, “The Rhythm of Freedom“, à última canção, “Set Me Free“, sendo elemental e completamente todo bem construído e pensado com esmero e detalhismo.
Um álbum para a galeria de elite do metal sinfônico!
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Assista ao clipe de “Saints Don’t Die” no player abaixo:
Confira o clipe de “Dhyana” no player abaixo:
Tracklist:
- 1 – The Rhythm of Freedom
- 2 – Tornado of Thoughts (I Don’t Think Therefore I Am)
- 3 – Saints Don’t Die
- 4 – Dhyana
- 5 – Rebirth from Despair
- 6 – The Power Process
- 7 – The Illusory Self
- 8 – Satori
- 9 – Maya (The Veil of Delusion)
- 10 – The Flaming Rage of God
- 11 – Set Me Free
- 12 – The Rhythm of Freedom (Instrumental)
- 13 – Tornado of Thoughts (I Don’t Think, Therefore I Am) [Instrumental]
- 14 – Saints Don’t Die (Instrumental)
- 15 – Dhyana (Instrumental)
- 16 – Rebirth from Despair (Instrumental)
- 17 – The Power Process (Instrumental)
- 18 – The Illusory Self (Instrumental)
- 19 – Satori (Instrumental)
- 20 – Maya (The Veil of Delusion) [Instrumental]
- 21 – The Flaming Rage of God (Instrumental)
- 22 – Set Me Free (Instrumental)
A Banda:
- Mark Jansen, George Oosthoek | grunts
- Henning Basse, Adam Denlinger | clean male vocals
- Laura Macrì, Marcela Bovio | clean female vocals
- Jack Driessen | synths, orchestral arrangements
- Frank Schiphorst, Merel Bechtold/Arjan Rijnen/Jord Otto | guitars
- Roel Käller | bass
- Ariën van Weesenbeek | drums