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Review: "Ωmega", oitavo álbum do Epica, é puro Jung em metal-lírico

O UM, a unidade proliferativa, a expansão, subdivisão, início, meio fim e reagrupamento ao começo e origem de tudo.

Eis o conceito de “Ωmega“, diretamente calcado no Ponto Ωmega, desde o bing bang e a criação do universo, convergindo-se nova e unificadamente para o mesmo ponto, agora bem maior, assim como Gaia, a Grande Mãe Terra, que abriga tudo num vasto todo, unificando todas as mentes individuais numa só coletiva, (olha o Jung aí) .

Mark Jansen, guitarrista, co-vocalista e principal criador dos conceitos dos álbuns e canções do Epica, é também psicólogo e deixa cada vez mais entrever nuances do eterno pupilo de Sigmund Freud, o suiço Carl Gustav Jung, trazedor da psicologia analítica ao mundo.

Jansen vem se mostrando cada vez um pesquisador mais afeito às ciências da mente e seus potenciais quânticos, com suas intersecções ou não com os aspectos religiosos, trazendo tais abordagens desde “TheDivine Conspiracy“, seu aclamado álbum de 2007 e ficando ainda mais exponencial na agora nominada “trilogia quântica”, envolvendo os álbuns “The Quantum Enigma” (2014), “The Holographic Principle” (2016) e agora em “Ωmega“, que chegara em 26 de fevereiro último.

O trabalho fora minunciosamente pensado, composto, elaborado, desenvolvido e executado pelo sexteto epiciano, reclusos num estúdio rural nos confins neerlandeses a fim de se concentrarem com mais veemência na obra, sob novamente a produção do competente Joost van den Broek.

Simone, Coen, Isaac, Rob, Mark e Ariën ganharam a companhia da Orquestra Filarmônica de Praga, um coro infantil e mais as incríveis Marcela Bovio e Linda Janssen nos backing vocals, além de Zaher Zorgati, para as traduções e textos em árabe, Paul Babikian e Vicky Psarakis nas narrações.

A impecabilidade musical deste álbum recai sobremaneira nas vigorosas orquestrações e potentes partes coralísticas, notórias em canções como “Abyss of Time – Countdown to Singularity”, uma espécie de futuro hino ao vivo, assim como vem no início do disco, provavelmente deverá abrir futuros concertos, quando a pandemia permitir; “Seal of Solomon” e “Gaia“, sim esse álbum felizmente parece possuir duas canções a la “Beyond the Matrix“, com refrões coralísticos empolgantes; “Code of Life”, que poderia levar o nome da própria banda, devido à sua atmosfera preponderantemente épico-medieval; “Freedom – The Wolves Within”, brindada com um clipe gráfico lindíssimo; e finalmente, o fator orquestra-coralístico impressiona definitivamente nas suítes, a magnânima “Kingdom of Heaven Part III – The Antediluvian Universe”, compondo uma feliz trilogia cancioneira; e a faixa-título, que encerra o trabalho.

É o nosso oitavo álbum de estúdio. O número oito também é muito espiritual porque se você colocá-lo no lado, é o símbolo do infinito. “Kingdom Of Heaven” é sobre a vida após a morte e também é o número oito no álbum. Portanto, há muito simbolismo oculto no álbum e na capa. A grande questão da vida, “O quê é o verdadeiro sentido da vida? ‘ Como navegamos pela vida dentro de nós mesmos? Somos todos ‘yin e yang’. Todos nós somos feitos de luz e escuridão. Todos nós temos esse labirinto dentro de nós mesmos no qual temos que navegar. Esperamos encontrar nosso caminho para sair do labirinto e não nos perder dentro do labirinto de nós mesmos.” – discorrera Simone Simons sobre “Ωmega“.

A mezzo-soprano Simone Simons se mostrara cada vez mais madura neste oitavo e simbólico álbum do Epica, tanto como compositora, como entoando notas altas e suaves com crescente autoridade, dividindo o canto com Mark, este com o seu canto gutural marca registrada. Abaixo, “Rivers” e mais adiante “The Skeleton Key“, que não me deixam mentir.

Isaac Delahue aqui nos traz uma guitarra com refinadas elaborações e o melhor: mais solos harmônicos, bem como o tecladista, Coen Jenssen, deixando sua assinatura magistral nas harmônicas e bases às teclas.

Se o número 8 remete ao conceito de infinito, “Ωmega“, o oitavo álbum do Epica o envia para infindas proposições conceito-sonoras, culminando novamente na unidade absoluta da excelência.

Como cereja do bolo a banda ainda disponibilizara um material bônus, o “ΩmegAcoustic“, trazendo 4 versões acústicas.

Tracklist:

  • 01. Alpha – Anteludium (1:38)
  • 02. Abyss of Time – Countdown to Singularity (5:20)
  • 03. The Skeleton Key (5:06)
  • 04. Seal of Solomon (5:28)
  • 05. Gaia (4:46)
  • 06. Code of Life (5:58)
  • 07. Freedom – The Wolves Within (5:37)
  • 08. Kingdom of Heaven Pt. 3 – The Antediluvian Universe (13:24)
  • 09. Rivers (4:48)
  • 10. Synergize – Manic Manifest (6:36)
  • 11. Twilight Reverie – The Hypnagogic State (4:29)
  • 12. Omega – Sovereign of the Sun Spheres (7:06)
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6 comentários em “Review: "Ωmega", oitavo álbum do Epica, é puro Jung em metal-lírico”

  1. Uau! Como só fui ler essa resenha agora??? Tô muito afastada das redes sociais, meu Deus! Mas, que resenha maravilhosa! Encaixe de ideias e palavras perfeitas escrita sublime! É exatamente essa a minha interpretação! Esse álbum é bem espiritual mesmo, associando bem as mazelas e as glórias da mente humana… E o Omega, os pontos convergentes, os ciclos que se renovam e como nos identificamos entre a luz e a treva, pois todos somos feitos disso. Eu, como grande admiradora do Epica, não poderia estar mais contente em ler essa resenha, parabéns, está excelente!

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  2. Uau! Como só fui ler essa resenha agora??? Tô muito afastada das redes sociais, meu Deus! Mas, que resenha maravilhosa! Encaixe de ideias e palavras perfeitas escrita sublime! É exatamente essa a minha interpretação! Esse álbum é bem espiritual mesmo, associando bem as mazelas e as glórias da mente humana… E o Omega, os pontos convergentes, os ciclos que se renovam e como nos identificamos entre a luz e a treva, pois todos somos feitos disso. Eu, como grande admiradora do Epica, não poderia estar mais contente em ler essa resenha, parabéns, está excelente!

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