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Produtor de Wander Wildner rebate acusações de machismo e racismo e dono do bar responde

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Conforme publicamos ontem aqui, via matéria vinculada pela Collectors Room soubemos da interrupção do show de Wander Wildner no bar Fatiados Discos em São Paulo, devido às declarações machistas e racistas do cantor egresso dos replicantes durante sua apresentação.

Ocorreu que Alan Feres, o dono do bar, que é ex-baterista do grupo Rock Rockets, ao ouvir tais proferimentos do frontman, mandou cortar seu microfone e encerrar o show.

Ontem a tarde o produtor de Wildner, senhor Paulo Zé Barcelos declarou a Collectors Room e ao site Noisey:

“O dono da Fatiado Discos manipulou e criou um factoide, jogando inverdades na rede de forma irresponsável. Chamou o artista de machista utilizando uma frase fora de contexto, jogando o Wander pra um linchamento público. Eu não tolero injustiças. O que o dono da Fatiado Discos fez com o Wander é um ato de covardia. Houve problemas entre eles desde o começo do show no último sábado, ou seja, começou ruim, andou ruim e no final o cara fez esse ataque infeliz ao Wander, que tem seus defeitos, mas machista e homofóbico ele não é. O post lá da Fatiados foi apagado depois que uma menina postou a letra de uma das músicas da banda Rock Rockets, banda ao qual [Alan Feres] o proprietário do bar, é baterista. Uma coisa não justifica a outra, o Wander não falou aquilo no sentido como foi colocado e o Feres quis se aproveitar de uma luta feminista para auto promover seu bar e posar de bom moço. Alguém aí já viu alguma letra do Wander que fala de machismo ou racismo? Já da banda do dono do bar… (ouça música ‘Eu não queria me casar’ da Rock Rockets e repare na letra). Muito fácil lançar um post fuzilar uma pessoa e correr da raia”.
“O Wander não vai falar sobre o ocorrido”, pontuou o produtor. “O post [da Fatiado] foi apagado depois que uma menina postou a letra de uma música da Rock Rocket [banda na qual Alan Feres, proprietário do bar, tocou], dizendo que ele estava querendo se apoderar de uma causa em benefício próprio…

Diz a letra de “Eu quero me casar”:

“…te levo para o carro e te tranco no porta malas / amarro sua mão e te dou um tapa na cara” e “lhe atiro no sofá e lhe enfio outro sopapo / só para ver se consigo dizer que te amo e quero me casar / mas você diz que não e eu decido te matar”.


Posteriormente veio a réplica de Alan Feres, dono do estabelecimento:


“Eu realmente sinto muito por não poder mudar o passado. Essa música foi feita há 10 anos, numa época em que se falava muito menos em feminismo do que hoje e, consequentemente, a minha visão do mundo era completamente diferente. Essa letra me foi apresentada como transgressora (eu não era o letrista da banda). Violência de um personagem psicopata com estética de filme de terror. Essa era a desculpa da época. Pura idiotice, ridículo. Não sei como deixei isso passar. Realmente, não tem desculpas. Depois percebi que estávamos na verdade reforçando o padrão machista imposto pelo patriarcado, e que isso é na verdade a base desse ‘sistemão’ que vivemos. Então, não tem nada de transgressor aí. Definitivamente, não me orgulho disso, muito pelo contrário, morro de vergonha e de raiva de mim. Fui me dando conta disso aos poucos, comecei a falar pros outros integrantes que não queria mais tocar algumas musicas ao vivo, até que resolvi sair da banda. De qualquer forma, não sei como eles tão seguindo hoje em dia, mas imagino que não toquem mais essas musicas também. Na época, eu tinha aproximadamente um terço da idade que o Wander tem atualmente e muito menos acesso à informação do que temos hoje em dia. Acho que eu preferia que alguém tivesse feito uma denúncia, pois realmente demorei pra me ligar. Sei que tamanha besteira não tem desculpa, mas, por isso, fico com os ouvidos abertos pra aprender sobre a luta feminina e errar o mínimo possível. É um constante aprendizado. Tenho humildade pra dizer que eu errei e não apontar esse baita vacilo como um ‘mal entendido’. Ainda bem que as mulheres se posicionam cada vez mais. Ainda bem que a casa cai para os homens. Dói pra nós, mas só assim a sociedade evolui. E, por mais que eu esteja sempre me informando a respeito do feminismo, ainda tenho muito o que aprender sobre o assunto. Não espero perdão, mas procuro evoluir todo o dia e contribuir como posso para uma sociedade mais justa. Pelos motivos que citei, obviamente não me sinto à vontade (e nem posso) chamar pra mim o protagonismo dessa luta. E, claro, nem da luta racial. Não tenho conhecimento de causa mas, uma vez que eu era o responsável pelo evento, era meu dever terminar com o show e explicar para as pessoas a razão. Não fiz mais do que a minha obrigação. Não quero ‘pagar de bom moço’, não quero autopromoção, não quero promover a casa em cima de uma polêmica, mas não é porque eu errei no passado que vou deixar que esse tipo de atitude se propague na Fatiado em pleno 2017, pois, felizmente, nos últimos anos esses assuntos evoluíram numa velocidade incrível. Seguimos aprendendo.”

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