Os dois primeiros álbuns individuais do cantor, compositor e músico carioca Angenor de Oliveira (1908 – 1980), o Cartola, estão sendo reeditados no formato original de LP na série Clássicos em vinil. Lançados em 1974 e em 1976 pela gravadora Discos Marcus Pereira, companhia pioneira no mercado fonográfico independente do Brasil, ambos os discos foram batizados com o nome artístico deste sambista que foi um dos fundadores da escola de samba Estação Primeira de Mangueira – uma das pioneiras agremiações do Carnaval da cidade do Rio de Janeiro (RJ) – e que despontou como compositor na década de 1930.
Apesar do sucesso relativamente precoce, Cartola precisou esperar até os anos 1970 para ter a oportunidade de gravar o primeiro álbum solo. Lançado quando o sambista já contabilizava 66 anos de vida, o álbum Cartola de 1974 atualmente soa como coletânea de sucessos do compositor por trazer no repertório sambas já famosos como Acontece (Cartola, 1972), Alvorada (Cartola, Carlos Cachaça e Hermínio Bello de Carvalho, 1968), O sol nascerá (Cartola e Elton Medeiros, 1964), Corra e olhe o céu (Cartola e Dalmo Castello, 1974), Tive sim (Cartola, 1968) e Sim (Cartola e Oswaldo Martins, 1952). O disco foi produzido por João Carlos Botezelli, o Pelão, com arranjos e regências do maestro Horondino José da Silva, o violonista Dino Sete Cordas (1918 – 2006).
Já o Cartola de 1976 foi produzido por Juarez Cardoso e também contou com arranjos de Dino Sete Cordas para valorizar repertório tão extraordinário quanto o do álbum de 1974. Afinal, o Cartola de 1976 apresentou As rosas não falam (faixa gravada com a caixa de fósforos percutida por Elton Medeiros) e O mundo é um moinho (faixa gravada com o toque do violão do então estreante Guinga), músicas compostas por Cartola em 1975 que passariam a figurar entre os maiores sucessos da obra autoral do artista a partir de 1976. Outra bela novidade do Cartola de 1976 foi Cordas de aço, música composta por volta de 1966, mas somente registrada naquele ano de 1976.