Roger Waters tocou seu último show completo com o Pink Floyd mais de quatro anos antes de se separar oficialmente. Em 17 de junho de 1981, Waters se juntou a David Gilmour, Richard Wright e Nick Mason em Earls Court, em Londres, para a data final da turnê “The Wall“.
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Mas este não foi o fim de qualquer turnê antiga. Para promover a sinistra ópera rock do Pink Floyd, a banda criou um grande show que exigiu oito músicos adicionais e mais de 80 membros de equipe técnica. As animações horripilantes de Gerald Scarfe rodavam em projetores gigantes, grandes personagens infláveis ameaçavam o público e (em um momento de simbolismo extravagante) uma enorme parede foi erguida no palco entre a banda e seus fãs.
Por causa de todo o espetáculo incomparável dos shows do The Wall, o Pink Floyd evitou a habitual turnê por várias cidades em favor de montar acampamento em algumas cidades dos EUA e da Europa e fazer apresentações de curto prazo. Entre fevereiro de 1980 e junho de 1981, a banda tocou 31 desses shows em Los Angeles, Nova York, Londres e Dortmund, na Alemanha Ocidental, antes de retornar a Londres para mais cinco shows.
A história conta que Waters, que concebeu e escreveu a maioria das músicas em The Wall, fez os últimos cinco shows em Londres para filmá-los e depois incluir as filmagens em um longa-metragem. O plano original de Waters era que ele estrelaria o filme The Wall, que incorporaria cenas dos shows do Pink Floyd. No final, Waters foi substituído como ator principal por outro cantor, Bob Geldof, o que tornou o material do show com Waters incompatível. Independentemente disso, a gravação ao vivo foi considerada como escura, granulada e inadequada para apresentação em cinemas.
Alan Parker, que dirigiu The Wall, mais tarde descreveu as tentativas de filmar a versão de concerto de The Wall como “cinco oportunidades perdidas“. Enquanto isso, o guitarrista e cantor Gilmour afirmaria que apenas um punhado de músicas foi apropriadamente capturado pelas câmeras.
“Cerca de 20 minutos foram gravados – por exemplo, ‘Hey You’, onde a câmera estava atrás da parede focando em nós, depois subiu em cima do muro e sobre a platéia“, disse Gilmour à Record Collector.
“É um ótimo trecho de filme mas apenas três faixas foram filmadas.“
Mesmo que o ímpeto para os shows não tenha terminado bem, os últimos cinco shows ainda serviram como um canto do cisne para os quatro membros nucleares do Floyd, não que tenha sido a experiência mais agradável. Por exemplo, o tecladista Wright já havia sido expulso da banda por Waters e participou dos shows do The Wall como um músico contratado. Ironicamente, Wright foi o único membro a ganhar dinheiro com os shows. Os outros membros perderam dinheiro por causa do custo de tamanho espetáculo.
Anos depois, Wright se tornaria um membro legítimo do Pink Floyd mais uma vez, mas somente após a saída de Waters. Antes de sair, Waters fez mais um álbum no Floyd, The Final Cut, de 1983, que muitos fãs consideram um álbum solo de Waters em tudo exceto no nome, devido ao envolvimento limitado de seus colegas de banda.
Depois de lançar um disco solo, The Pros and Cons of Hitchhiking, em 1984, Waters tentou dissolver o Pink Floyd, apenas para descobrir que os outros membros estavam interessados em manter o grupo vivo. Depois de um litígio feio, Gilmour, Wright e Mason seguiram em frente como Pink Floyd. Como parte do acordo, Waters reteve os direitos sobre The Wall (que ele mais tarde executou em concertos como artista solo).
Apesar de 1981 ter sido a última apresentação completa com todos os membros da formação mais famosa do Pink Floyd, não seria a última vez que Gilmour, Wright, Mason e Waters dividiriam um palco. Ninguém menos que Geldof (substituto de Waters no filme The Wall) encontrou uma maneira de reunir os membros em eterna disputa. Os quatro músicos concordaram em aparecer como Pink Floyd no show beneficente Live 8 de 2005 em Londres (vide vídeo abaixo). A banda tocou um punhado de músicas, incluindo uma que eles executaram pela última vez com todos os quatro membros em 17 de junho de 1981: “Comfortably Numb“.
Traduzido pelo confrade Renato Azambuja via UCR.
2 comentários em “O dia que o Pink Floyd tocou o seu concerto final com Roger Waters”
Em relação às filmagens, o espectáculo foi gravado e não foram apenas 3 músicas, segundo o Roger Waters em 2010 ele vasculhou o filme destes espectáculos e descobriu mais do que pensava e parece que a equipa de filmagem gravou o espectáculo todo. Ele editou esse filme e montou um DVD para mostrar à equipa de produção da tournée The Wall 2010-2012 como eram os espectáculos da tournée original, mostrou também à banda. Li isto numa entrevista feita a alguns músicos que afirmaram que assistiram a esse DVD, e também através de uma entrevista de Roger que falou que durante a edição dessas filmagen, constantemente questionava a equipa de edição se não achavam emocionante aquilo que estavam a assistir e que a equipa partilhava do mesmo sentimento.
Em relação às filmagens, o espectáculo foi gravado e não foram apenas 3 músicas, segundo o Roger Waters em 2010 ele vasculhou o filme destes espectáculos e descobriu mais do que pensava e parece que a equipa de filmagem gravou o espectáculo todo. Ele editou esse filme e montou um DVD para mostrar à equipa de produção da tournée The Wall 2010-2012 como eram os espectáculos da tournée original, mostrou também à banda. Li isto numa entrevista feita a alguns músicos que afirmaram que assistiram a esse DVD, e também através de uma entrevista de Roger que falou que durante a edição dessas filmagen, constantemente questionava a equipa de edição se não achavam emocionante aquilo que estavam a assistir e que a equipa partilhava do mesmo sentimento.