Zuza Homem de Mello e Euclides Marques compartilham histórias e relembram a trajetória da Primeira Dama do Jazz, nascida há exatos cem anos.
Quando foi se apresentar no Copacabana Palace, em abril de 1960, Ella Fitzgerald estava nervosa. Tão nervosa que não parava de tremer e suar. Mesmo depois de 25 anos de carreira e de já ser conhecida como a Primeira Dama do Jazz, a cantora ainda conservava uma velha timidez e sofria com uma insegurança enorme que vinha do fato de achar-se feia. Mas, como sempre fazia, respirou fundo, engoliu seco e subiu no palco – o único lugar em que, de fato, se sentia à vontade.
Em 59 anos de palco, Ella construiu uma carreira de sucesso ao lado de grandes nomes da música, como Louis Armstrong, Frank Sinatra e até Tom Jobim. “Ella foi foi uma das primeiras mulheres, senão a primeira, a se colocar entre os maiores nomes do bebop, como John Coltrane e Charlie Parker. Ela praticamente inventou o scat singing, ou seja, usar a voz como um instrumento”, lembra Euclides Marques, músico e curador do Vinilcultura, do Espaço Cultural Uirapuru, em São Paulo, que fará um evento sobre Ella Fitzgerald na próxima quinta (27), com participação de Zuza.
Com Frank Sinatra (1968)
Marques não pensaria duas vezes antes de colocar a Primeira Dama do Jazz como a maior voz de todos os tempos – “e em segundo lugar, Billie Holiday”, brinca. Isso porque, sem dificuldade alguma, Ella conseguia transitar entre os diversos estilos do jazz, fossem as baladas românticas, fosse o bebop, fossem os improvisos em scat singing ou as big bands.
“Era a mais versátil de todas as cantoras. Nenhuma fazia o que ela era capaz de fazer com a voz”, conta Zuza. A versatilidade combinava-se à sua voz espantosa: Fitzgerald tinha uma extensão vocal que abrangia três oitavas, o que significa que ela conseguia ir do agudo ao grave com extrema facilidade. Ao todo, Ella foi premiada com 14 Grammys e recebeu duas medalhas de honra nos Estados Unidos: a Medalha Nacional das Artes e a Medalha Presidencial da Liberdade.
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