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Música é assunto para a vida toda

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Mundo Metal: Batalhas ideológicas x Heavy Metal (As letras das músicas realmente importam?)

Vivemos um momento conturbado em nosso país, um momento de insatisfação generalizada, com diversos embates políticos em andamento e uma polarização sem precedentes. Tudo isso reflete na maneira com que as pessoas se posicionam sobre determinados temas e, virou praxe, embutir determinadas ideologias em assuntos onde geralmente elas não caberiam tempos atrás. A realidade é que o brasileiro (de maneira generalizada) nunca gostou de política, mas com o crescimento das mídias sociais e a atual situação do país, todos de uma hora pra outra, se tornaram cientistas políticos, doutores em economia e experts à respeito das soluções dos diversos problemas sociais da nação.

Na prática, virou uma verdadeira briga de foice no escuro, onde todos discutem e brigam entre si, ninguém dá o braço a torcer e os problemas continuam inatingíveis. Vivemos um caos ideológico generalizado onde pouquíssimos sabem realmente do que estão falando, mas todos tem a necessidade de opinar.

Toda essa baderna atingiu o Heavy Metal duramente e, infelizmente, nós sabemos que o gênero nunca foi um exemplo de união. Sempre houveram rachas, panelas, divisões e preconceitos embutidos no estilo que deveria ser embasado única e exclusivamente na liberdade. As pessoas que se posicionam à esquerda resolveram tomar posse do gênero e estipularam a regra de que não existe headbanger conservador, por outro lado e, não menos incoerente, os que que se posicionam à direita desferem ataques caricatos e tentam retomar algo que na verdade nunca teve um dono e é de todos por direito.

O Heavy Metal desde os seus primórdios nunca possuiu posicionamento ideológico, o estilo nasceu livre de dogmas, questionando tudo e todos, transgressor por natureza e liberto de amarras políticas. Foi assim desde os seus primórdios e nenhum grupo, “coxinha” ou “mortadela”, será capaz de mudar isso. O que as pessoas precisam entender e colocar em suas cabeças, é que um artista pode se posicionar da maneira que bem entender, pode defender a esquerda ou a direita, mas jamais poderá se apossar do estilo para estipular regras as quais todos os headbangers devam seguir obrigatoriamente. A batalha política perde a força por completo quando entendemos que Heavy Metal é música, é arte. E arte não tem lado.

Obviamente, alguns esbravejarão: “mas o Thrash Metal é um estilo politizado!”. É sim! Mas ser politizado não significa ser partidário. Se uma banda resolve adotar um discurso socialista, ela é 100% livre pra fazer isso e o público é 100% livre pra ouvir ou não. Se uma banda resolver adotar um discurso capitalista, ela é 100% livre pra fazer isso e o público é 100% livre pra ouvir ou não. Isso só é possível por que o gênero musical como um todo, é liberto de amarras ideológicas e, sendo assim, todos são livres para se expressar da maneira que bem entenderem.

Caro amigo leitor, o Metal não é de direita.
Caro amigo leitor, o Metal não é de esquerda.
Caro amigo leitor, o Metal é liberdade pura!

Seja o que quiser, se posicione da maneira que quiser, defenda a idéia que lhe convir, mas não estipule que todos os outros headbangers sejam obrigados a concordar com você.

Uma tese sem fundamento que me deparo frequentemente, é a de ser totalmente incoerente ouvir uma banda com viés ideológico diferente do seu. Na real: isso é uma tremenda bobagem! Pensem comigo, um artista geralmente escreve e compõe sobre o que ele acredita, é a opinião dele ali, não a sua. Se você concordar com o que ele expõe em sua música, realmente será algo bacana, pois você além de gostar da música que o cara faz, ainda estará de acordo com as suas idéias, mas gente, isso não é uma regra! Você pode gostar de uma banda, ser fã da parte musical, achar a instrumentação fantástica, enxergar muitas qualidades nas construções líricas e simplesmente ver que apesar do trabalho excepcional, o músico compartilha de opiniões diferentes das suas em determinados assuntos. Não é difícil, vai…

As letras podem ser uma parte fundamental em determinados estilos como o Hardcore e o Black Metal, mas tem papel coadjuvante em quase todos os outros. Sejamos francos, você não bangeia até a morte ouvindo “Princess Of The Night“, “Return Of The Warlord“, “Fast As A Shark” ou “Neon Knights” por que se identifica com as letras dessas músicas. Esse papo de desmerecer as pessoas por que elas “ouvem apenas pelos som e nem sabem o que os caras estão falando”, na grande maioria das vezes é totalmente ridículo!

Nós não somos assassinos psicóticos por que ouvimos Cannibal Corpse ou Carcass, não somos jovens delinquentes que vivemos a base de sexo, drogas e Rock and Roll por que amamos AC/DC e Motorhead, não somos cavaleiros templários e não vivemos em mundos fantásticos por que ouvimos Hammerfall e Blind Guardian. Então por que cargas d’água eu tenho que ser um esquerdista doente ou um direitista imbecil pra poder escutar Kreator ou Megadeth?

Ta na hora de pararmos de ser crianças birrentas querendo que as nossas idéias sejam acatadas como verdades absolutas intransponíveis. As pessoas são diferentes e a música em si é subjetiva. Ela não foi criada para que apenas um grupo seleto de pessoas que seguem uma única ideologia, tenha a honra suprema de apreciá-la. A música foi feita para todos e pertence a todos que quiserem ouvi-la.

Pensem nisso!

Redigido por Fabio Reis do Mundo Metal

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