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"inFinite" – Deep Purple: quando se tem qualidade e bom senso, o Rei nunca perde a majestade

O fim do Deep Purple está relativamente próximo.

Isquemia no ano passado de Ian Paice, único membro original e sempre presente e o cansaço das décadas certamente abateu os membros do grupo de tal forma que os fizeram pensar no futuro da empreitada púrpura.

A banda inclusive anunciou a quisera infindável “The Long Goodbye Tour”, que durará cerca de dois anos.

Tudo isso faz que “inFinite“, álbum lançado na sexta-feira última provavelmente seja o derradeiro de estúdio, ainda que espero que não o seja.

Com “inFinite“, o Purple entrega não somente um disco, cujo título é alusivo à ideia de fim, não fim, mas também em caso de ser mesmo o ponto final, um encerramento bem elegante.

O trabalho é todo ele muito bom e apesar de menor, é melhor e mais cativante do que seu antecessor, “Now What“, de 2013.

O produtor Bob Ezrin e a banda conseguiram equalizar bem a produção das canções em consonância com as limitações físicas causadas pelas idades avançadas e menor pique evidentemente de seus membros, principalmente o dono do microfone e eterna voz de prata Ian Gillan.

Nada de gritos e berros setentistas, este tempo passou. Mas Gillan consegue fazer um ótimo trabalho tecnicamente e no feeling, num tom baixo e sempre apropriado para seu canto.

E ao contrário do angustiante e constrangedor resto vocal de David Coverdale no seu “Purple Album” do Whitesnake, aqui Gillan canta todas as canções em voz singular e requerendo poucos recursos corretivos de estúdio, ao contrário do suprecitado que necessitou ser amparado por toda uma mixagem e naipe de vozes de apoio para entoar as músicas de seu tempo no Deep Purple no referido disco.

Quem mostrou uma técnica impecável durante todo “inFinite” foi o homem das teclas, Don Airey, muito bem em todas as músicas, tanto nas bases de teclado, como nos solos rasgados que remete à aura do saudoso John Lord. Airey realmente não se cansa de mostrar que fora a melhor opção para o lugar do virtuoso bigodudo.

Do mesmo modo, o guitarrista Steve Morse, prova cada vez mais que não se trata de ser melhor ou pior que o majestoso Ritchie Blackmore, mas sim ele é o cara certo no lugar, ou grupo certo.

Seu estilo se encaixa perfeitamente para que o Deep Purple precisa e isso fica bem denotado aqui, podendo ser melhor sentido e ilustrado no seu solo para a canção “Birds of Prey“.

O disco é bem coeso e com as faixas se equivalendo bastante em qualidade e pitada de blues-hard-rock.

É o Deep Purple exalando Deep Purple através das décadas.

The Surprising” me pegou de jeito me fazendo sentí-la como a melhor música do trabalho, a mais elaborada e climática.

Outros destaques são “Time for Bedlan” e “All Got is You“, previamente divulgadas como single e que jorram blues-rock púrpuro, e nesse mesmo teor, temos “Hip Boots”.

Para fechar que tal um retorno ao remoto com um cover abissalmente mergulhado no blues com “Roadhouse Blues“, classicaço dos Doors, numa leitura ímpar do Purple.

Concluindo: quem foi rei nunca perde a majestade se não perder o bom senso.

O Deep Purple ruma para o fim da carreira com porte e elegância de gente grande.

OUÇA AQUI

Tracklist:

‘Time for Bedlam’ – 4:35
‘Hip Boots’ – 3:23
‘All I Got Is You’ – 4:42
‘One Night in Vegas’ – 3:23

‘Get Me Outta Here’ – 3:58
‘The Surprising’ – 5:57
‘Johnny’s Band’ – 3:51
‘On Top of the World’ – 4:01
‘Birds of Prey’ – 5:47
‘Roadhouse Blues’ – 6:00 (The Doors cover)


A Banda:

Ian Paice – drums
Ian Gillan – lead vocals, harmonica
Roger Glover – bass
Steve Morse – guitar, vocals
Don Airey – keyboards


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