A banda neerlandesa de symphonic metal Epica é como uma grande criatura mitológica que nasce, se alimenta do que aprende e o absorve, crescendo e evoluindo sempre, e o melhor, se tornando mais confiante e forte.
Vindo numa crescente, desde seu ótimo debut “The Phantom of Agony” (2003), sequenciando com “Consign to Oblivion” (2005) e “The Divine Conspiracy” (2007), a banda capitaneada pelo guitarrista e vocalista Mark Jansen e pela frontwoman Simone Simons estreara em seu quarto trabalho de estúdio,”Design Your Universe” (2009), um novo segundo guitarrista, Isaac Delahaye, egresso da banda God Dethroned, substituindo Ad Sluijter, e também um novo baterista, Ariën Van Weesenbeek, também oriundo da banda de Isaac.
Delahaye trouxera grandes qualidades elaborativas a cada vez mais possante Epica, com sua técnica bem temperada com toques progressivos, tanto na guitarra, quanto ao violão, além de contribuir positivamente com uma segunda linha de vocais guturais, somando com os de Mark Jansen.
O Epica fora se especializando com o passar do tempo em ir se aprofundando nas temáticas de seus álbuns e letras de suas canções nos mundos da psicologia, parapsicologia, metafísica e física quântica, frutos obviamente das literaturas absorvidas pelo mestre em Psicologia e principal compositor da banda, Mark Jansen.
Aqui temos a visão de Jansen nos remetendo ao conceito da união humana ao nível subatômico, advindo da física quântica, ou seja: enquanto no álbum antecessor, “The Divine Conspiracy” (2007) a abordagem trazia o conceito da união do divino sobre o ser humano, agora em “Design Your Universe” (2009), a coisa se inverte, com a relevância humana sendo exponenciada antropocentricamente pelo poder de seu próprio pensamento, que poderia ser capaz até mesmo de influenciar a matéria.
Musicamente “Design Your Universe” fora mais um belo presente aos fãs que vinham acompanhando a banda, trazendo os elementos da essência do Epica em plena expansão.
Todo fã do grupo dos Países Baixos quer receber um trabalho vitalizado por corais operísticos que o permeiam solenemente, bases de teclados e arranjos líricos impecáveis executados por Coen Janssen, riffs de guitarra pesados de Mark Jansen e rasgados por solos agora de Isaac Delahaye e a maravilhosa voz da mezzo-soprano Simone Simons.
O álbum em questão brinda o ouvinte com todos os elementos supracitados, em perfeito equilíbrio, faixa a faixa, marcado também por outra nobre característica do Epica: a estupenda habilidade de jogar com as variações possíveis de andamento das canções. Uma canção desta banda jamais começa e termina da mesma maneira, ela sempre vem recheada de tempestades e calmarias no seu ventre, ainda que as proporções destas nem sempre sejam as mesmas, o que é ótimo, por nelas incutir um quê de surpresa e uma certa imprevisibilidade.
Quanto aos destaques, se é que isso seja possível, devido a feliz homogeneidade qualitativa desta obra, enfim, tentemos:
A faixa “Resign to Surrender (A New Age Dawns, Part IV)“, uma espécie de “overture”, onde nela se tem a perfeita noção do que se esperar da hora vindoura durante com a audição e já começar a esboçar um sorriso para tal sensação;
“Unleashed“, o primeiro single divulgado, que seria a “música de trabalho” do disco, pisa um pouco no freio do andamento e abre espaço para que a Senhora Simons cante com sua habilidade a plenos pulmões e diafragma. A canção conquistar espaço nos setlists dos shows da banda até hoje;
“Martyr of the Free Word“, que começa parecendo que a porradaria sonora vai imperar absolutamente sobre ela, logo recebe a quebra de sua violência pelo canto cadenciado e mavioso de Simons, e daí tem-se uma montanha-russa musical-elaborada, solo matador de Delahaye;
“Our Destiny“, faixa escrita para Simone Simons brilhar. A linha melódica de seu canto aqui soa como uma das melhores de sua carreira. Música para pedir: “cante mais para nós, Simone”.
“Kingdom of Heaven (A New Age Dawns, Part V)“, agora estamos falando da melhor canção do álbum, de uma das cinco melhores canções da banda e uma das maiores de todo o metal sinfônico. Canção rica, não, chega a ser milionária em elaboração progressiva e variações mil, potencializada por muito peso. Atenção especial no tempo 4min50seg, onde temos um maravilhoso andamento doom-metal-erudito, momento solene.
“Tides of Time“, canção crescente , construída basicamente na linha voz e piano, onde Simone Simons provavelmente dera seus mais belos agudos de sua carreira;
“Semblance of Liberty”, aqui temos uma canção com certa semelhança estrutural com “Resign to Surrender (A New Age Dawns, Part IV)“, onde Simone a adentra, irrompendo-a com sua voz, somente nos refrãos. Assim como na supracitada, a excelência é a mesma;
“White Waters“, balada que vale o destaque por trazer um dueto entre Simone e o convidado especial Tony Kakko, da banda Sonata Arctica;
“Design Your Universe (A New Age Dawns, Part VI)“, a magnífica faixa-título, que solenemente assina e carimba toda a estrutura artístico-conceitual desta obra.
Atualmente o Epica vêm excursionando e divulgando o recém-lançado “Design Your Universe – Gold Edition“, celebrando o aniversário da primeira década do lançamento do original.
Na semana que vem a banda aportará no Brasil para shows nos dias 26 e 27 de outubro próximos, em São Paulo (Tropical Butantã) e Rio de Janeiro (Circo Voador) respectivamente.
Uma merecidíssima celebração. Vida longa ao Epica!!!
Tracklist:
- 1. Samadhi – Prelude
- 2. Resign To Surrender – A New Age Dawns – Part IV
- 3. Unleashed
- 4. Martyr Of The Free Word
- 5. Our Destiny
- 6. Kingdom Of Heaven – A New Age Dawns – Part V
- 7. The Price Of Freedom – Interlude
- 8. Burn To A Cinder
- 9. Tides Of Time
- 10. Deconstruct
- 11. Semblance Of Liberty
- 12. White Waters
- 13. Design Your Universe – A New Age Dawns – Part VI
Bonus-tracks:
- 14. Incentive
- 15. Unleashed (Duet Version) (com Amanda Somerville)
A Banda:
- Simone Simons – vocal
- Mark Jansen – guitarra rítmica, vocal gutural
- Isaac Delahaye – guitarra solo
- Yves Huts – baixo
- Coen Janssen – sintetizador, piano
- Ariën Van Weesenbeek – bateria, vocal gutural
Convidados:
- Tony Kakko – vocal (em “White Waters”)
- Amanda Somerville – vocal (em “Unleashed (Duet Version)”)
Coral:
- Linda van Summeren, Bridget Fogle – sopranos
- Amanda Somerville, Cloudy Yang – altos
- Previn Moore – tenor
- Melvin Edmondsen – baixo
- Simon Oberender, Olaf Reitmeier, Coen Janssen – barítonos e baixos.


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