O elemento sinfônico no rock existe desde o fim da década de sessenta e ganhando força na década de setenta com o apogeu do rock progressivo no globo.
Porém, especificamente no heavy metal, era um pingado aqui e outro ali, até a segunda metade da década de noventa quando o “calor” do Sol da Meia-noite finlandês mudou tudo.
Ainda que algumas bandas reconhecidas hoje como pertencentes ao metal sinfônico tenham começado suas carreiras no início da década dos anos noventa, caso do Therion por exemplo, que só “sinfonizou” o seu som do fim século passado para o início desse, quem realmente registrou em cartório o estilo fora o Nightwish, lançando principalmente o formato de uma banda possuir instrumentistas masculinos com uma cantora à frente, Tarja Turunen.
Da gênese advieram miríades de tentáculos, todavia no início da década passada, ainda eram poucas as bandas com algum lugar ao Sol.
Uma delas, oriunda dos países baixos, o After Forever, perdera seu egresso guitarrista e compositor, o que mudaria o rumo das coisas.
Em junho de 2003, Mark Jansen apresentava ao mundo o primeiro full-length de sua mais nova banda: ‘The Phantom Agony‘, da recém-nascida Epica.
Colossais obras construídas pelo Homem carecem de uma base sólida para a sua durabilidade.
Pois o álbum de estreia do Epica lhes fornecia essa base sedimentada já no ponto de partida, denotando o alvorecer de uma das maiores bandas do symphonic metal mundial.
Se na transição dos séculos XX e XXI o Nightwish reinara absoluto nesta seara, “The Phantom Agony” esclarecera ao público deste segmento que o novo século e a nova década teria o Epica como mais uma nova grande força sinfônico-metálica.
Isto porque neste disco, nada é fora do lugar, o que se tornaria característica inerente à banda.
Sem contar agora com a possuinte dos cantos operísticos do After Forever, Floor Jansen, Mark Jansen fora agraciado por uma jovem ruiva iniciante que bebeu diretamente na fonte da “matriarca” Tarja Turunen, pois fã que desta era.
Simone Simons cantou em “The Phantom Agony” dando um tom de “A Insustentável Leveza do Ser” em meio à sonoridade “Apocalipse Now” trovejante-medieval.
Sua voz surge pela primeira vez em “Sensorium“, canção propícia à música de trabalho e porque não dizer ser até dançante, com um arranjo marcado pelo belo som do piano de Coen Jansen, que nasce do desaguar do prelúdio “Adyta (The Neverending Embrace)“.
Uma das maiores características do Epica, desde o início pode ser encontrada em uma de seus maiores sucessos, presentes nesse trabalho: “Cry for the Moon (The Embrace That Smothers, Part IV)“.
Parte da enealogia (The Embrace That Smothers) criada por Mark Jansen, a qual tem as suas três primeiras partes ainda nos tempos de After Forever, três neste álbum e as três derradeiras que apareceriam somente no terceiro álbum do Epica, “The Divine Conspiracy” (2007), “Cry for the Moon” poderia ser considerada uma “Overture”, ou seja, um resumo musical de como soaria a longeva carreira da banda neerlandesa.
Pois ela traz o delicioso sobe-desce de cadências atmosféricas em sua essência e transcorrer. (olha aí o “A Insustentável Leveza do Ser” x “Apocalipse Now” a que me referi).
O clima surge tenro, erudito e lírico, até o trovão gutural guitarrístico imposto por Mark Jansen densificar a canção e tudo ser apaziguado pela voz maviosa mezzo-soprano de Simons. Assim inicia-se o ciclo bipolar da canção dando a deixa para que posteriormente, todo o álbum seguisse tal tônica.
Vale o destaque para ambas as “baladas” deste lançamento postadas em posições estratégicas do tracklist, pondo o pé no freio: “Feint” e “Run for a Fall“, quarta e sétima faixas respectivamente, onde o canto e o doce piano lírico predominam, apenas sendo sacudidos ocasionalmente por pingados de peso.
Mas que beleza completa são as duas faixas que se tornaram”lado-b”, “Façade of Reality (The Embrace That Smothers, Part V)“, “Seif al Din (The Embrace That Smothers, Part VI)” e apicalmente a faixa-título, verdadeiras operetas maciças, com direito a partes narradas em tom profético ante às bases pesadas e lúgubres de suas estruturas, cravejadas dos elementos épicos.
Os minutos eruditos instrumentais que encerram a faixa-título e também toda esta obra são uma das sequências melódicas mais lindas que conheço, puro fascínio climático.
Concluindo, se daqui a algumas décadas algum compilador escrever algo do tipo “1001 discos do início do século XXI para ouvir antes de morrer”, “The Phantom Agony” haveria de figurar nessa seleção, como uma referência categórica da gênese do symphonic metal.
Epica: banda disponibilizará capas especiais do EP “Attack on Titan” Comic Con San Diego
Epica lançará livro comemorando seus 15 anos de carreira
Epica: ouça a canção ‘If Inside These Walls Was A House’ do EP Epica vs Attack on Titan
Epica: Assista ao clipe ofical de Universal Love Squad no milésimo show
Assista Cristina Scabbia cantando no milésimo show do Epica
Review: Epica – Tropical Butantã, São Paulo, 10/03/2018
Tracklist:
1. Adyta (The Neverending Embrace)
2. Sensorium
3. Cry For The Moon (The Embrace That Smothers Part Iv )
4. Feint
5. Illusive Consensus
6. Facade Of Reality (The Embrace That Smothers Part V )
7. Run For A Fall
8. Seif Al Din (The Embrace That Smothers Part VI )
9. The Phantom Agony
A Banda:
Simone Simons – mezzo-soprano
Mark Jansen – guitarra e vocal gutural
Ad Sluijter – guitarra
Coen Janssen – Teclado e piano
Yves Huts – baixo
Jeroen Simons – bateria
Músicos Convidados:
Olaf Reitmeier – guitarra acústica em “Feint” e “Run For A Fall“
Annette Berryman – flauta em “Run For A Fall“
Músicos da Orquestra e Coral:
Thomas Glöckner – violino
Andreas Pfaff – violino
Tobias Rempe – violino
Marie-Theres Stumpf – viola
Jörn Kellermann – violoncelo
Cordula Rohde – violoncelo
André Neygenfind – contrabaixo
Melvin Edmondson – baixo
Previn Moore – tenor
Bridget Fogle – contralto
Cinzia Rizzo – contralto
Annie Goebel – soprano
Amanda Somerville – soprano
Em 2013 chegou a sua versão estendida, contendo pencas de extras, entre canções inéditas e versões puramente orquestradas do tracklist original.
Tracklist – 2013, Expanded Edition
CD1:
1. Adyta (01:29)
2. Sensorium (04:49)
3. Cry for the Moon — The Embrace that Smothers — Part 4 (06:46)
4. Feint (04:20)
5. Illusive Consensus (05:02)
6. Facade of Reality — The Embrace that Smothers — Part 5 (08:12)
7. Run For A Fall (06:33)
8. Seif Al Din — The Embrace that Smothers — Part 6 (05:48)
9. The Phantom Agony (09:01)
10. Veniality (04:38)
11. The Phantom Agony — single version (04:34)
12. Triumph of Defeat (03:54)
CD2:
1. Adyta – orchestral version
2. Sensorium – orchestral version
3. Cry for the Moon – orchestral version
4. Feint – orchestral version
5. Illusive Consensus – orchestral version
6. Basic Instinct – orchestral track
7. Run for a Fall – orchestral version
8. The Phantom Agony – orchestral version
9. Veniality – orchestral version
10. Feint – piano version
11. Cry for the Moon – single version
12. Run for a Fall – single version

1 comentário em “Epica: o álbum de estreia 'The Phantom Agony'”
A quem é aquele moreno careca que tá perto do Preevin Moore, acho que tá faltando o nome dele na lista. ..