Na tarde do dia onze de março de 2016 eu estava rolando a página do facebook, quando vi na página do guitarrista Greg Lake a notícia estarrecedora que seu colega de banda, Keith Emerson havia falecido.
Pouco depois veio a informação que havia sido um suicídio com arma de fogo.
O Pesar que me assolara fora gigantesco.
Keith Emerson representava para mim a essência da virtuose nas teclas brancas e negras adicionada à extrema paixão pelo que fazia.
E infelizmente foi essa paixão que o fizera sucumbir.
Novo álbum traz as últimas composições de Keith Emerson
Depois de encerrar suas atividades junto ao seu Emerson, Lake & Palmer em 2010, num concerto em terras germânicas que comemorava os 40 anos do trio cordas, percussão e teclado mais famoso do rock, registrado em um DVD imperdível, Keith que nessa ocasião já alegava ter tocado com fortes dores nas mãos, com o passar dos anos viu seu quadro piorar, as dores aumentarem e poder tocar cada vez menos, o que desencadeou um avassalador quadro depressivo que acabou sendo irreversível, culminando em um triste tiro na cabeça.
Keith Emerson veio do jazz e do erudito e neles há muito bebia na fonte, desde os tempos de The Nice, seu grupo pré-ELP.
Com o Emerson, Lake & Palmer, Keith Emerson reeditou algo que o genial Miles Davis antes o fizera: abriu as portas para a fusão de sonoridades, pegando o jazz tradicional e mesclando-o ao rock and roll, mesmo o rockabilly e improvisações.
No caso de Emerson, ele fez de seu ELP um grupo de rock calcado no jazz e lírico, ao contrário da gigantesca maioria das bandas bretãs que se calcavam no blues americano.
Resultado: o Emerson, Lake & Palmer abriu a década de 70 se impondo como grande vetor do rock progressivo em sua época nascente.
Claro que isso gerou críticas ácidas ao seu estilo, pois o ELP passou a ser acusado de não fazer rock, visto que seu som era muito mais pautado pelo virtuoso piano e moog de Emerson do que por riffs e solos de guitarra, muito embora as composições e atuações de Greg Lake nas cordas e vocais e de Carl Palmer na percussão e bateria não fossem nada menos que também brilhantes.
De todos os grandes gênios do teclado setentista, Keith Emerson certamente foi o mais performático,
Suas performances ao teclado poderiam ser comparadas às do guitarrista-Rei Jimi Hendrix na guitarra (e este quase entrou pro ELP, já pensou?), com uma expressão corporal intensa, agressividade para com suas teclas (atitude bem rock and roll, não?), tocando de ponta-cabeça e até mesmo girando pendurado.
Mas ser performático e fazer graça muita gente o faz. Muito além disto, Keith o fazia e tocava divinamente bem, com todo o seu aparato eletrônico e técnica refinadíssima.
E segundo o próprio disse à sua mulher na época que precedeu sua morte, o fato dele não conseguir mais brindar seus fãs com tal técnica, restringida pelas fortes dores crescentes, o deixava profundamente triste e desesperançoso. Seu colega Greg Lake também corroborou com tal declaração.
Enfim, uma perda inestimável não só para o universo do rock, mas para a música de qualidade e arte. Não perdemos somente um pianista, perdemos um artista e a família, o ser humano. E para piorar, em dezembro passado ainda perdemos o grande Greg Lake, fazendo de Carl Palmer o único integrante vivo do Emerson, Lake & Palmer.
OUÇA A PLAYLIST “A ARTE DE KEITH EMERSON”