Posso. Posso desde pequeno nos idos tempos de Rio de Janeiro, quando desde 1981 comecei a me encantar com os desfiles pela televisão, num tempo onde desfilavam todas as escolas cariocas numa noite só, ou melhor, entravam pela manhã adentro a Sol a pino.
Salgueirense de pai, mãe e esposa, curto nostalgicamente toda a essência carnavalesca tão bem contada por meus avós desde os tempos de outrora, quando se conheceram e perpassaram as tradições e peculiaridades dessa festa popular.
Mas meu gênero dominante é o rock and roll? Posso gostar de samba-enredo?
Sim e não estou sozinho. Pelo menos me lembro bem de roqueiros e metaleiros (ok, não gosto dessa divisão de nomenclatura, especialmente ao me referir ao estilo como universal, mas enfim…) cariocas terem suas agremiações de coração e muitos até mesmo desfilarem, inclusive tocando na bateria, que convenhamos, não deixa de ter muito peso e ser uma porrada na orelha.
Ademais no seio do samba-raiz estão e estiveram verdadeiros alicerces da construção da boa música popular brasileira, como Noel, Cartola, Dona Ivone Lara, Nelson Sargento, Clara Nunes, João Nogueira, Jorge Ben e muitos outros.
Gostar de carnaval não significa simploriamente gostar da festa sócio-midiática, mas admirar todo o folclore e tradição inerente e oriundos de seus primórdios, ainda que se tenha que pinçar dentro da banalização.
Em nome de toda essa tradição e sendo um entusiasta da Academia salgueirense (mas acompanhando as co-irmãs) eu paro para curtir o carnaval com minha família, sem me sentir menos amante do rock.
André Floyd – Porque música é assunto para a vida toda.