De todas as mensagens de consternação que li em virtude da morte do mestre Chuck Berry, a de Vernon Reid do Living Colour foi a mais tenra e precisa:
“O Rock and Roll acaba de perder o papai”
Vivemos num tempo em que nossos grandes ídolos rockstars, jazzistas, bluesmen, etc estão partindo e nos deixando.
Mas a morte de Chuck Berry nos remete a um patamar mais simbólico.
Morreu aquele que inventou a coisa toda, o primeiro grande rockstar da história. Sim é claro que o movimento se construiu paulatinamente através de modificações na estrutura do blues, jazz e soul, com diversos artistas nessa inicial e gradativa contribuição como Little Richards, Jerry Lee Lewis, o próprio Elvis, Carl Perkins, entre diversos outros.
Mas foi Berry que com toda sua sagacidade artística deu forma e moldurou tudo aquilo que viria a habitar no inconsciente e consciente da juventude americana e posteriormente mundial: o biotipo do rockeiro sócio-contestador, tanto no som, como nas letras e também nas posturas, sobretudo nos palcos.
Ele deu voz roqueiramente aos temas que a juventude queria explanar, tais como carrões, paqueras, a vida escolar massante, etc.
Sua primeira grande “transgressão” fora de cara irromper ante o preconceito racial e como astuto do marketing que fora, dominar a audiência de todas as cores, se tornando um ícone pop a ser seguido por praticamente todos que viriam no meio.
Falar de sua influência seria como enxugar gelo. Chuck influenciara tudo aquilo que viria depois no gênero e seua afluentes, de Brian Wilson a Angus Young, passando pelo interminável Keith Richards.
Portanto, perdemos sim o papai. O homem que postulou a coisa toda e praticamente a registrou em cartório, com firma reconhecida: Charles Edward Anderson Berry.
Obrigado Chuck por dar vida ao mais abrangente estilo musical do planeta e o que mais corre em minhas veias desde pequeno.
Descanse em paz Criador.