Confraria Floydstock

Música é assunto para a vida toda

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A Confraria Floydstock entrevista o jornalista musical Igor Miranda

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O jornalismo musical é um ramo para apaixonados por tal, especialmente quando a veia escolhida é o rock and roll e seus correlatos.

Igor Miranda é hoje um dos expoentes bem sucedidos nessa empreitada banhada a perseveração.

Mineiro, mora em Uberlândia e de lá se mantem conectado com o universo musical praticamente 24 horas por dia, desde os tempos de seu primeiro blog, o Combe do Iommi, juntamente com o amigo João Renato Alves, com quem posteriormente fundaria o site Van do Halen.

Hoje ele nos mantem informados sobre tudo da música, especialmente o rock no WHIPLASH.NET, onde é redator, em seu site pessoal, o IGORMIRANDA.COM.BR, além do Cifras (www.cifras.com.br).

Hoje o Igor deu uma pequena pausa em sua correria para conversar com a Confraria Floydstock e você pode conferir na entrevista abaixo.

1 – Primeiramente, muito obrigado por dedicar um pouco de seu tempo para conversar com a Confraria Floydstock.
Sabemos que fazer jornalismo musical nos dias de hoje é coisa para “teimosos”, ainda mais se tratando de um nicho não mais tão centro das atenções assim como o rock e seus afluentes. Como começou sua relação com a música e com o jornalismo musical?

Obrigado! Sou eu quem agradeço pelo convite, já que acompanho a Confraria pelo site e pelas redes sociais. Parabéns pelo trabalho!

A relação com a música existe desde que me entendo por gente, pois há músicos em minha família. Meu avô, Márcio França, foi um cantor de sertanejo/brega bastante conhecido. Meu tio-avô, Ronaldo Adriano, é um compositor muito famoso desse ramo – uma de suas criações mais populares é a música “Você é doida demais”, cantada por Lindomar Castilho e usada na trilha sonora da série “Os Normais” (TV Globo). Na puberdade, passei a me interessar mais por rock e heavy metal – e foi um caminho sem volta.

Comecei a escrever sobre música por hobby, em 2007, em um blog chamado Combe do Iommi, quando ainda estava no ensino médio. Em 2011, iniciei o curso de Jornalismo pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Senti-me impulsionado a tentar carreira jornalística pela boa experiência que tive com o blog da Combe – conseguíamos centenas de milhares de acessos mensais em um período que a internet não era tomada por números tão grandes.

Como estudante de Jornalismo, meu primeiro trabalho foi no site de rock e heavy metal Van do Halen, que co-fundei ao lado de João Renato Alves, meu amigo e parceiro nos tempos de Combe do Iommi. Segui no projeto entre 2012 e 2013, mas saí porque recebi uma proposta de trabalho para um jornal impresso da cidade, o Correio de Uberlândia (www.correiodeuberlandia.com.br). Passei a atuar somente como colunista do Van do Halen até o site encerrar suas atividades, em 2017.

Paralelamente ao Correio de Uberlândia (onde trabalhei entre 2013 e 2015), comecei a trabalhar como redator no Revista Cifras (www.revistacifras.com.br), o portal editorial do Cifras (www.cifras.com.br). Em 2015, a empresa responsável pelo site quis que eu assumisse toda a frente de conteúdo editorial, composta por quatro sites – entre eles, o Ei Nerd (www.einerd.com.br), cujo canal de YouTube possui mais de 4 milhões de inscritos. Hoje, sou redator-chefe desses quatro veículos.

2 – Você é um colecionador de discos e outras mídias físicas ou o digital e o streaming vêm lhe cativando mais?

Não gosto de me definir como “colecionador”, embora tenha mais de 100 CDs e algumas dezenas de LPs por aqui (https://www.discogs.com/user/silvercm). Prefiro unir o melhor dos dois mundos: ainda compro discos em mídia física e adoro ter o material em mãos, mas uso as plataformas digitais para ouvir música o dia todo. O streaming é excelente pela praticidade e pelo acesso facilitado a milhões de artistas, enquanto a mídia física dá um valor adicional à música e ao “pacote” em si.

3 – Você é um dos redatores mais ativos do Whiplash.net, redator do cifras.com.br  e ainda alimenta o seu próprio site, o IGORMIRANDA.COM.BR, com notícias musicais praticamente em tempo real. Você diria que isso requer mais técnica, feeling ou mesmo um pouco de sorte para as notícias virem até você? Além disso é bom estar sempre com o radar ligado? Qual o seu ou os seus métodos? Algum segredo?

Requer muito trabalho! O feeling também ajuda, já que consigo “farejar” algumas informações que outros não perceberiam, mesmo tendo acesso à mesma fonte. Mas tudo está centrado em trabalhar muito, inclusive em fins de semana e feriados, para se apurar e disponibilizar a melhor informação possível. Estou sempre ligado em publicações online e impressas (seja daqui ou do exterior), nas redes sociais de bandas e artistas e de olho nas assessorias de imprensa especializadas.

4 – Jornalistas e amantes concomitantes da música podem ficar tão radiantes com o afã de publicar alguma notícia alvissareira quanto o público que as lerá? Qual notícia dessas você ficou mais empolgado em publicar?

Em alguns momentos, ficam tão animados quanto qualquer outro fã. Antes da profissão, todo jornalista musical é, por via de regra, fã de música. Logo, boas notícias sobre meus artistas favoritos também me deixam empolgado. Entre notícias, os retornos são os que me deixaram mais felizes: a volta de Slash e Duff McKagan ao Guns N’ Roses, o retorno de Michael Kiske e Kai Hansen ao Helloween, a retomada do Black Sabbath – que já se aposentou -, entre outros. No entanto, as publicações que mais me deixa satisfeito são as entrevistas. Foi extremamente prazeroso conversar com nomes do porte de Glenn Hughes, Steve Morse, Doug Aldrich e Zacky Vengeance, além de outros que estão disponíveis lá no site: https://www.igormiranda.com.br/search/label/Entrevistas.

5 – E qual notícia você teve maior dificuldade de publicar, talvez por estar compelido por forte apelo emocional?

Mortes nesse segmento são sempre complicadas de se publicar, especialmente quando são prematuras, como os casos de Chris Cornell, Chester Bennington, Jani Lane, Scott Weiland e, mais recentemente, Vinnie Paul. Eles se foram muito jovens, diferente de Lemmy Kilmister, Ronnie James Dio e David Bowie, por exemplo. A de Cornell foi a mais difícil, porque as letras de suas músicas me vinham à mente sempre que chegava uma nova informação relacionada ao seu suicídio.

6 – Recentemente você indagou seus leitores sobre a relevância hoje de resenhas de álbuns. Diante das respostas, a que conclusão chegou? Vale a pena resenhar? E se vale, melhor fazê-lo sobre novos lançamentos ou sobre álbuns antigos e/ou aniversariantes?

Existe um público cativo que gosta de ler resenhas de álbuns, mas esse público está cada vez menor. A resenha é definida pelos teóricos mais antigos do jornalismo como um gênero textual que apresenta e recomenda (ou não) um produto cultural ao público. Essa função era importante até a década passada, mas, hoje em dia, a música não só ficou gratuita, como, também, teve seus meios de acesso bastante facilitados. Então, o que muitas pessoas pensam é: “por que ler uma resenha se eu posso abrir o Spotify e dar o play, por conta própria, e descobrir se eu mesmo gosto ou não?”.

Acredito que valha a pena, sim, escrever resenhas, desde que saiam do lugar comum. E dou preferência para escrever sobre lançamentos, porque já existem milhares de textos por aí sobre discos antigos. Quando quero abordar álbuns antigos, prefiro mudar o foco para algum gancho temático diferente.

7 – Se considerarmos Beatles e Rolling Stones com duas hors-concours e logo após formarmos um “Big Four” das quatro gigantes do classic rock com Floyd, Purple, Sabbath e Zeppelin, você concordaria com essa “grade hierarquica”? Foram essas as bandas mais importantes da história? Acrescentaria ou substrairia alguma? Fale um pouco do que elas significam no seu entendimento.

Não consigo pensar tanto na música de forma hierárquica. Tudo está conectado. Os Beatles e os Rolling Stones se influenciaram muito por Chuck Berry, Little Richard e Elvis Presley – que, por consequência, também beberam de fontes passadas. Vejo Purple, Sabbath e Zeppelin como uma “trindade” do rock pesado, Beatles e Rolling Stones (além dos Beach Boys) como o trio que definiu as bases do rock “pós rock-and-roll” e o Pink Floyd como um nome tão grande quanto todos esses, mas separado, pois está ligado ao progressivo e se estende para vertentes ainda mais mistas. E todas essas bandas foram e seguem sendo pedras fundamentais para seus segmentos – assim como Jimi Hendrix, que mudou o jeito de tocar guitarra, e outras figurinhas das décadas de 1960 e 1970.

8 – O que lhe inspira a sempre continuar no jornalismo musical (além da teimosia supracitada)? A música e suas informações funcionam como uma espécie de combustível para sua vida?

Sinto que sou extremamente sortudo por poder trabalhar com o que gosto, da forma que sonhei, há mais de uma década. Você resumiu bem: a música e suas informações funcionam como combustível para a minha vida. Acordo pilhado todo dia para me informar sobre o mundo da música e repassar tudo aquilo que soube no dia. Chego a acordar mais cedo na sexta-feira (dia “oficial” em que os lançamentos da música chegam a público) para me conectar logo e conferir todos os discos e músicas inéditas.

9 – A pergunta a seguir é clichê quando se entrevista alguém da música, por outro lado é relevante pois cada um tem um ângulo a mais e algo a somar com a questão:
Como você vê a cena musical hoje, nas esferas nacional e internacional e em particular no rock e seus subgêneros? O que tem mais lhe encantado os ouvidos dentre as novidades?

Diferente do que pensam muitos apocalípticos, a cena musical nunca esteve melhor para quem é fã. Existem muitas bandas, álbuns e músicas sendo lançados exaustivamente pelas redes e até fisicamente. Turnês estão sendo mais abrangentes e mais shows chegam ao Brasil. Os artistas estão mais atentos ao que o público pensa, graças à internet. Os próprios músicos brasileiros estão conseguindo fechar shows em mais cidades e projetar suas músicas para públicos mais amplos também graças à web.

O que mudou é que, agora, temos menos veículos formadores de opinião e, consequentemente, a informação fica mais dispersa. Por isso, muita gente reclama que não conhece nenhuma banda boa que tenha aparecido nos últimos tempos. Se o público deixar de lado o viés saudosista e consumir música com a mesma atenção de outros tempos, vai descobrir que tem muita coisa boa dentro e fora do rock.

No rock, algumas bandas que mais me chamaram a atenção recentemente foram o Ghost, Royal Blood, Greta Van Fleet, Halestorm, Scalene, The Temperance Movement, Mattilha, The Night Flight Orchestra, Vintage Trouble, Black Stone Cherry, DeWolff e Hell In The Club, entre muitas outras – fora os novos supergrupos e bandas antigas que seguem produtivas. Fora do rock, ainda destaco nomes como Bruno Mars, Adele, Harry Styles, Beyoncé e Lady Gaga, que fazem som pop sem teor descartável.

10 – Recentemente você comentou que até começou a pensar em ir ao Lollapalooza, após as confirmações dos shows de Greta Van Fleet, Lenny Kravitz e Arctic Monkeys.
O que você acha do Greta Van Fleet e esse “entrelaçamento” deles com o Led Zeppelin? E qual o show fatalmente lhe tiraria de casa para ir assistí-lo “in loco” hoje em dia?

O Greta Van Fleet tem sido penalizado pelas comparações com o Led Zeppelin. Muitos elementos usados pelos caras, realmente, soam parecidos com o Zeppelin, mas acho que eles têm um valor próprio que se reflete em algumas composições. Existe uma veia quase garage rock no som deles que não havia nos discos do Led. Como são muito jovens e só lançaram dois EPs, acho que ainda há potencial para que eles evoluam e se consolidem como um dos grandes nomes do rock atual – eles já estão entre os que mais vendem discos nos Estados Unidos, então, começaram bem.

Hoje, poucos shows me tirariam de casa, já que moro distante dos grandes centros (moro no Triângulo Mineiro) e assisti a muitas bandas que queria ver antes que elas se aposentassem, como Kiss, Aerosmith, Mötley Crüe, Mr. Big e Whitesnake. Ainda assim, queria ter a chance de ver algum show do AC/DC, Van Halen, Queen com Adam Lambert ou Alice Cooper.

Muito obrigado pela entrevista e abraços da Confraria Floydstock.

Sou eu quem agradeço pela sua atenção e por acompanhar o meu trabalho. Fiquem de olho na Confraria e também no meu site (www.IgorMiranda.com.br), bem como nas minhas redes: @igormirandasite no Facebook, Instagram e Twitter.

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